Um dos principais alvos de Donald Trump em seu novo mandato como presidente dos EUA é o BRICS, por conta da intenção do grupo, composto pelos atores mais ativos do Sul Global, de criar uma moeda alternativa ao dólar americano para transações internas.
Em campanha, Trump ameaçou taxar em 100% os países do BRICS caso não desistissem da empreitada, e tornou a ameaçar os países do grupo em sua cerimônia de posse. O temor do republicano é que a criação da moeda alternativa enfraqueça o papel do dólar como referência no comércio global.
No entanto, diplomatas brasileiros destacam que abandonar o projeto não está no horizonte da presidência brasileira do grupo. Segundo noticiou o jornal O Globo nesta quarta-feira (22), o Brasil, que assumiu a presidência do BRICS em 1º de janeiro, pretende se manter firme em sua agenda.
Segundo o jornal, eles rejeitam as ameaças feitas pelo presidente dos EUA e mantêm entre os eixos prioritários da presidência brasileira a criação de uma moeda interna para reduzir a dependência do dólar americano.
A avaliação é que um eventual impacto de sobretaxas aplicadas pelos EUA às importações do Brasil será menor no setor do agronegócio, pois as exportações brasileiras para os EUA são mais voltadas para produtos manufaturados. Ademais, eles consideram que uma guerra comercial entre EUA e China seria benéfica para o Brasil, já que Pequim poderia aumentar a demanda por alimentos brasileiros.
A China expressou apoio à agenda do Brasil na presidência do BRICS. Em coletiva, Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, afirmou que a China "sempre defenderá seus interesses nacionais", disse que "não há vencedores em uma guerra comercial" e destacou que Pequim já pode ampliar a cooperação econômica com parceiros do BRICS em diversos setores, mesmo diante das ameaças de Trump.
Ela enfatizou que o BRICS defende a cooperação mutuamente benéfica para alcançar o desenvolvimento comum e a prosperidade universal.
"A China está disposta a continuar trabalhando com seus parceiros do BRICS para aprofundar a cooperação prática em diversos campos e contribuir para o crescimento estável da economia mundial", disse Mao.