Ao tomar posse em 20 de janeiro, Trump declarou o estado de emergência no setor energético estadunidense e assinou várias ordens executivas para facilitar a extração e produção de petróleo, tendo como objetivo dobrá-las nos Estados Unidos.
A nova política, que, segundo Trump, deve elevar o padrão de vida dos americanos comuns, foi anunciada pela frase "Drill, baby, drill!" ("Perfura, querido, perfura!").
Ao mesmo tempo, ele apelou à Organização dos Países Exportadores de Petróleo e associados (OPEP+) para diminuir os preços do petróleo.
Segundo os especialistas entrevistados pela RBC, a intenção de aumentar a produção e diminuir os preços têm sinal contrário.
"Os analistas concordam que o principal fator de rápido crescimento da produção de petróleo dos EUA só podem ser os preços altos, o que, por sua vez, contradiz as promessas de Trump de reduzir as cotações."
A razão é que o processo de desenvolvimento de capacidades de produção de petróleo exige muitos investimentos, que as empresas norte-americanas não se apressam a fazer, porque não sabem se o presidente seguinte não vai retomar as restrições levantadas por Trump.
Mesmo que as empresas gastem dinheiro para obter as capacidades necessárias e comecem a produzir mais petróleo, seu excesso no mercado vai levar a uma redução de preço, o que, por sua vez, se refletirá nos próprios produtores estadunidenses.
"Entre os produtores mundiais de petróleo, somente a Arábia Saudita, a Rússia e alguns outros países da OPEP e da OPEP+ têm um recurso significativo de capacidades ociosas na produção, o que lhes permite aumentar a produção sem custos excessivos", explica um especialista no setor petrolífero, Maksim Malkov.
Os especialistas dizem que uma das melhores opções de aumentar a produção doméstica para Washington é "um aumento da tensão geopolítica", o que permitiria impor sanções e restrições contra certos países produtores, ou mesmo interromper fisicamente o comércio de petróleo não americano.
"O paradoxo de Trump é que ele continua falando sobre seu desejo de reduzir os preços do petróleo, mas a maioria das medidas econômicas e de política externa que estão associadas a ele e que ele mesmo expressa levam ao seu crescimento", concluiu um especialista em economia e finanças, Aleksei Belogoriev.
Sendo o maior produtor do gás natural liquefeito, se espera que o potencial produtivo dos Estados Unidos vá, ao menos, dobrar.
Isso, acham analistas, vai levar ao aumento de concorrência no mercado e, provavelmente, a uma nova onda de sanções.