"A situação de Gaza está muito ruim. Todo mundo sabe que mais de 80% das casas foram destruídas; [sabe] dos hospitais, das escolas. Não tem um lugar que esteja bom para poder se viver aqui", lamentou ela.
"Minha mãe falou que meu avô estava muito doente, queria visitar o país por três meses, até mesmo para a gente poder aprender um pouco a língua, e ia voltar para o Brasil. Acabou fechando a fronteira, teve a primeira guerra, não soubemos voltar, acabei casando, tendo filhos. É meu destino estar agora em Gaza", disse Jidian.
"Aqui ninguém está aceitando […] depois dessa morte toda, dessa resistência toda, depois de um ano e meio. Eles [Ocidente] ainda também vão tentar controlar o Oriente, personalidades totalmente diferentes, culturas totalmente diferentes […] as pessoas daqui não tão gostando nem um pouco da ideia."
"Ao mesmo tempo que o cessar-fogo é muito bem-vindo, é necessário e é urgente que seja implementado de uma maneira que garanta estabilizar o mínimo de fluxo de ajuda humanitária aos palestinos, a retirada dos israelenses de Gaza. É preciso entender que isso é muito pouco na perspectiva de um processo político, que é igualmente urgente."
"Porque esses são efetivamente as grandes testemunhas desse genocídio, dos massacres, […] que documentaram e que são testemunhas de diversos crimes, de guerra e de lesa-humanidade, que hão de ser levados aos tribunais."
'Genocídio em Gaza é integralmente democrata'
"Biden, Kamala Harris, os democratas de modo geral, este é um genocídio integralmente democrata", afirmou. "Efetivamente, eles permitiram que Israel matasse até o último dia do mandato do [ex-presidente Joe] Biden. Os democratas são os grandes fiadores, patrocinadores, através de recursos em armamento, do que se chama de ajuda militar, da cobertura diplomática, dos vetos do Conselho de Segurança da ONU [Organização das Nações Unidas]".
"Este é o pensamento do Trump: você me dá uma vitória política, eu consigo um cessar-fogo, a despeito do quão problemático ele seja, e depois você retoma ou extermina. Porque existe um projeto muito claro que não vai ser interrompido sem efetivamente uma política séria de frear os israelenses."
Holocausto palestino
"Temos que produzir uma consciência sobre isso, levar, da mesma maneira que houve tribunais em Nuremberg e tantos outros processos de condenação dos nazistas, seus líderes, garantir que esse processo aconteça para que os genocidas sejam punidos, sejam responsabilizados e sejam, sim, carimbados nos livros de história como genocidas."
"O cerne que guiou o projeto político sionista/israelense foi a construção de um Estado étnico. Então era a conquista da terra e a mudança demográfica, e a mudança demográfica se deu pela expulsão da população. Essa lógica nunca mudou", afirmou.
"O que o Trump, além do crime de guerra que ele propôs, está propondo [é] um negócio onde você vai investir nas ruínas de um outro povo que passou por um modo de extermínio durante os últimos dois anos nessa fase mais recente", declarou.
"Trump está rompendo com essa ordem […] achar novos modos de intervenção e domínio e violência dos Estados Unidos sobre outros países", comentou ele. "Quando ele [Trump] ataca o Canadá, o México, quer a Groenlândia para ele, e agora fala que quer Gaza para ele, são alguns exemplos. Ele está abrindo várias frentes, nem que sejam frentes ainda retóricas e político-diplomáticas que ainda não viraram frentes militares."