"Não, [a autonomia] é apenas uma etapa intermediária, uma fase no processo de transição de colônia para Estado soberano. Quando se é um território autônomo, ainda se permanece uma colônia, não se é independente. Estamos lutando pela independência total, pela soberania plena", afirmou.
Biceps destacou que esses territórios não se contentam apenas com maior autonomia da França, como Paris propõe para a Córsega e a Nova Caledônia. O último foi palco de violentos protestos em maio do ano passado organizados por defensores da independência contra uma reforma constitucional planejada pela França para alterar as regras eleitorais. Os distúrbios deixaram 14 mortos e causaram prejuízos superiores a um bilhão de euros (R$ 5,9 bilhões).
A reforma, cujo processo foi suspenso, previa a concessão do direito de voto nas eleições locais para pessoas que vivem na Nova Caledônia há mais de 10 anos. Os atos foram liderados pelo povo indígena canaco, que teme se tornar minoria caso parte da população europeia que se mudou para o arquipélago nos últimos 20 anos ganhe direito ao voto. Atualmente, o direito de participar de eleições é restrito àqueles que já estavam registrados na época do Acordo de Numeá, em 1998, que concedeu maior autonomia ao território francês, e seus descendentes.
Em julho de 2023, o presidente francês Emmanuel Macron visitou a Nova Caledônia e defendeu um novo status para o arquipélago. Em setembro, o líder francês recebeu em Paris tanto defensores quanto opositores da independência: três referendos sobre a independência do território resultaram na vitória dos grupos leais à França, e o Palácio do Eliseu expressou a expectativa de um acordo entre as partes até o final de 2023.
No final de janeiro deste ano, foi criada a "Frente Internacional de Descolonização" na Nova Caledônia, movimento que reúne doze organizações que defendem a independência dos territórios ultramarinos franceses, inclusive da Guiana Francesa.