"Esses encontros que o governo Lula, esse terceiro governo Lula, tem promovido, eles têm assumido um caráter que a gente poderia chamar de superestrutural. A gente pode dizer que, em grande medida, o governo Lula, ao contrário das tendências mundiais, acabou por burocratizar mais o próprio partido, o Partido dos Trabalhadores, que foi perdendo a penetração e a capilaridade nos municípios, onde a gente percebe que a política tem um caráter ainda mais cotidiano; onde a gente vai encontrar um potencial de enraizamento é justamente nas prefeituras", explica.
"Esse próprio evento é um evento que inclusive consolida as emendas parlamentares, e nos termos inclusive dos danos que isso provoca para o governo, que é a descentralização orçamentária. Então esse evento que está se dando a partir de hoje é um evento que vai consolidar essa política de descentralização orçamentária, que significa no bojo uma perda de capacidade de poder, uma perda de poder propriamente que passa pelo dinheiro."
"Então a tendência vai ser o governo ceder mais, seguir cedendo, e infelizmente um trabalho de capilarização anterior a esse evento não foi feito. Deveria ter sido feito no sentido de que os participantes, […] aqueles que vão circular no evento, ajudassem, auxiliassem e acompanhassem o próprio governo Lula na sua capacidade, já que se trata de um 'feirão' de negociação. Porque acho que nem em termos de negociação o governo Lula está em uma posição mais favorável, infelizmente", conclui a cientista política.