"É um avanço, e as relações russo-americanas estão retomando o caminho normal de onde nunca deveriam ter saído", opinou ele em declarações à Sputnik Brasil.
"Witkoff é o enviado para o Oriente Médio. A troca de prisioneiros pode ter sido uma forma também de um contato direto da administração americana, um alto funcionário encarregado das negociações no Oriente Médio, com Moscou, com Putin, que já havia se reunido com as principais organizações palestinas. Uma coisa encaixou com a outra, e [houve] demonstração de boa vontade dos dois governos em voltar à normalidade das relações entre os dois Estados."
"O acordo pode não ser muito bom para a Ucrânia, mas com certeza será bom para os Estados Unidos e para a Rússia. Zelensky não tem nenhuma vantagem", avaliou.
"Está mais para uma negociação Rússia e Estados Unidos. Acordos feitos ou pelo menos alinhavados serão levados para a Ucrânia, que terá a possibilidade do aceite ou não. Caso não aceite, nós provavelmente veremos os Estados Unidos se afastarem definitivamente de qualquer negociação e deixarem lá as coisas para os europeus resolverem, o que de certa forma é muito ruim para a Rússia e a própria Ucrânia", comenta.
"Em torno de 55% a 60% do que a Ucrânia recebeu vieram dos Estados Unidos, e nós estamos vendo que isso torna o país dependente, ele não tem autonomia estratégica para tomar decisões."
"Acho que o Trump vai deixar pelo menos esse início de conversa sendo conduzido pelo Kellogg, que é uma coisa muito dura, muito árdua, leva muitas horas cada reunião, e ele [Trump] não tem nem paciência para isso. Acredito que as negociações não serão rápidas, mas serão muito realistas e objetivas", acrescenta.
"O fim desse governo Zelensky, a neutralidade e um governo que não seja hostil à Rússia me parecem inegociáveis para a Rússia, e acredito que os Estados Unidos entenderam a mensagem", pondera ele.
"A liderança europeia, desde o primeiro momento, após a vitória de Donald Trump, está sendo relegada a um segundo plano. Ele sabe que o Olaf Scholz [chanceler alemão] vai sair daqui a alguns dias. [Emmanuel] Macron [presidente da França] está em crise. Ele vê a ascensão de movimentos políticos que são, de certa forma, inspirados ou muito ligados ao trumpismo, ao Partido Republicano. Então ele [Trump] acredita que a guerra vai ser vencida por ele. Ele vai ganhar a guerra para o Ocidente."