A Sputnik Brasil selecionou as principais polêmicas levantadas por Trump desde que tomou posse, em 20 de janeiro.
Deportações em massa
Logo que assumiu o mandato, Trump colocou em vigor uma controversa política de detenção e deportação de imigrantes indocumentados nos EUA.
A promessa de Trump era deportar milhões de imigrantes. Porém, após atingir um máximo de 1,1 mil detenções em um dia, o Serviço de Imigração e Controle de Aduanas (ICE, na sigla em inglês) vem registrando queda, ficando abaixo de 500 por dia.
Segundo noticiou a emissora NBC News, citando uma fonte próxima ao governo estadunidense, os números vêm irritando Trump, uma vez que, para cumprir sua promessa de deportar milhões, seriam necessárias pelos menos 2,7 mil detenções por dia.
"Ele [Trump] está enlouquecido porque não estão fazendo mais deportações", disse a fonte à emissora.
Ademais, junto com as deportações em massa, Trump anunciou o fim da concessão de cidadania a filhos de imigrantes nascidos em solo estadunidense, medida que foi bloqueada pela Suprema Corte dos EUA, após procuradores-gerais de Washington e de três outros estados tradicionalmente democratas, além de 22 governadores, entrarem com uma ação contra a empreitada.
Expansionismo
Em um curto período de tempo, Trump já consolidou a política expansionista como uma marca de seu novo governo.
Em seus primeiros dias de mandato, ele defendeu a anexação do Canadá para transformar o país no 51º estado dos EUA. O republicano acusa o Canadá de se beneficiar de bilhões de subsídios pagos pelos EUA. Em contraponto, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, acusa Trump de mirar as reservas de minerais essenciais existentes no território canadense. O episódio causou uma rusga diplomática entre dois tradicionais aliados norte-americanos.
Trump também ameaçou enviar tropas para ocupar o canal do Panamá e retomar para os EUA o controle sobre a passagem, inaugurada em 1914 e administrada por Washington até 1999, quando teve o controle repassado ao governo panamenho. Segundo o republicano, a ocupação teria como objetivo conter a China, que estaria controlando a hidrovia, argumento apontado como falso por analistas.
Após emitir comunicados reafirmando a soberania do país, o governo panamenho cedeu às pressões de Washington. No início do mês, dias após uma visita do secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, o presidente do Panamá, José Raúl Mulino, anunciou que o país deixaria a Iniciativa Cinturão e Rota, da China, da qual fazia parte desde 2017.
Em outro front expansionista de Trump está a Groenlândia. Com apenas 56 mil habitantes, a Groenlândia se tornou o centro das atenções após o republicano declarar a intenção de comprá-la. A ilha foi uma colônia da Dinamarca até 1953, mas em 1979 se tornou uma região autônoma.
Segundo analistas, o objetivo de Trump seria garantir o acesso dos EUA ao Polo Norte, região que se torna cada vez mais disputada à medida que o aquecimento global causa o derretimento do gelo, abrindo novas rotas marítimas e possibilitando a exploração da região, rica em recursos naturais.
No entanto, o fato de a Dinamarca ser um dos países aliados dos EUA na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) torna improvável que Trump cumpra a ameaça.
Ao tomar posse, Trump também anunciou a mudança de nome do golfo do México para "golfo da América", afirmando como objetivo "homenagear a grandeza americana".
O republicano afirmou que tomaria a medida antes mesmo da posse, o que levou a presidente do México, Claudia Sheinbaum, a responder em tom de ironia, propondo mudar o nome dos EUA para "América Mexicana", apresentando em uma coletiva de imprensa um mapa-múndi datado de 1607, época em que toda a região da América do Norte era identificada dessa forma.
"Por que não chamamos [os EUA] de América Mexicana? É bonito, não é?", brincou Sheinbaum, ao apontar para o mapa e sorrir na coletiva.
No dia da posse, Trump assinou um decreto com a mudança de nome, que foi acatada pela Alphabet, dona do Google, que em sua plataforma Google Maps passou a identificar a região como "golfo da América".
Tarifaço
Logo que iniciou o mandato, Trump fez da imposição de tarifas uma das principais armas de coação do seu governo contra outros países.
Ele impôs tarifas de 25% a todos os produtos do México e do Canadá, exceto a energia canadense, que foi taxada em 10%, acusando os países de serem lenientes com a entrada de drogas e imigrantes em território estadunidense. Ele afirmou ainda não descartar impor tarifas sobre a União Europeia.
Trump também taxou produtos provenientes da China em 10%, ameaçou taxar os países do BRICS em 100% se não desistissem de uma moeda alternativa ao dólar para transações internas do grupo, e, na última segunda-feira (10), impôs tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio, o que implica diretamente o Brasil, que é um grande exportador dos metais para os EUA.
'Limpar' Gaza
Trump afirmou estar comprometido a "comprar e possuir" a Faixa de Gaza como forma de solucionar a questão entre Palestina e Israel. Ele propôs realocar a população palestina da Faixa de Gaza em países vizinhos de forma a "limpar a coisa toda".
A declaração foi exaltada por Israel e rechaçada pela comunidade internacional como limpeza étnica. Apesar da polêmica, Trump reafirmou no domingo (9) a intenção de tomar posse da Faixa de Gaza para transformar o enclave em uma espécie de riviera para turismo de luxo.
Corte de políticas inclusivas
Na série de decretos que assinou no dia da posse presidencial, Trump ordenou o fim da política de ações afirmativas em contratos federais e determinou que funcionários do governo que atuam na área sejam colocados em licença remunerada para, posteriormente, serem demitidos.
O republicano acusa as políticas inclusivas de promover a discriminação e defende que contratações sejam baseadas apenas no mérito.
"Vamos forjar uma sociedade que não enxergue cores e que seja fundamentada no mérito individual […]. A partir de hoje, será política oficial do governo que existem apenas dois gêneros, masculino e feminino", afirmou Trump.
A medida foi rechaçada por cientistas políticos e especialistas em direitos civis, que alertam que a revogação vai reverter décadas de avanços em equidade racial e de gênero nos EUA.