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Pantanal em ruínas: como a seca e os incêndios têm acabado com a biodiversidade (VÍDEO)

O Pantanal tem enfrentado um período de seca severa que se estende desde 2019, segundo André Siqueira, pesquisador e diretor da organização não governamental (ONG) Ecoa. Ele destaca que o regime pluviométrico reduzido tem afetado diretamente a dinâmica de cheias no bioma, fundamental para controlar desmatamentos, incêndios e a ocupação do solo.
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"Desde 2019, estamos em uma decrescente em relação à problemática da seca, de uma estiagem muito intensa", afirma Siqueira à Sputnik Brasil.
Ele aponta que as características climáticas da região, como temperaturas elevadas e baixo índice pluviométrico, contribuem para a ocorrência de incêndios, agravados pela ação humana. "Cerca de 98% a 99% dos incêndios são causados por ação humana."

Como estão as queimadas no Pantanal hoje?

Em 2024, apesar dos recordes de investimentos no combate ao fogo por parte do governo federal, 2,1 milhões de hectares foram queimados. "Tivemos um emprego de infraestrutura, brigadistas e recursos muito grande, mas ainda enfrentamos dificuldades como o acesso a áreas remotas e mudanças repentinas no vento, que complicam o combate às chamas."
A crise climática e os eventos extremos também impactam o bioma. Segundo Siqueira, a América do Sul tem registrado regimes hídricos cada vez menores, com países vizinhos como Bolívia e Argentina enfrentando recordes negativos.
Ele reforça a importância de aprimorar os modelos preditivos, especialmente para o Pantanal, e menciona a necessidade de iniciativas como o Centro de Operações Climáticas (COC), que integraria dados e esforços regionais para prevenir e mitigar os impactos.
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Siqueira avalia que 2024 trouxe um pequeno sinal positivo: "Em dezembro, tivemos mais água na calha do rio Paraguai do que no mesmo período de 2023, mas é preciso continuidade nas chuvas, especialmente nas cabeceiras."
O pesquisador diz que, sem essas chuvas nas cabeceiras, o impacto positivo será apenas momentâneo, beneficiando setores como o pecuário e comunidades locais de forma temporária, sem resolver o problema estrutural da seca prolongada.

Quantos hectares já queimaram no Pantanal?

A secretária-executiva do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), Yanna Fernanda, afirmou que os incêndios de 2020 e 2024 tiveram consequências devastadoras para a biodiversidade da região. "Em 2020, tivemos um grande incêndio no Pantanal, com uma área atingida pelo fogo que representou quase 27% do bioma."
Ela ressalta que isso resulta em grandes perdas de fauna e flora, incluindo áreas em restauração, como a serra do Amolar, onde 25 mil mudas plantadas foram destruídas pelo fogo.
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A especialista também relacionou os incêndios ao regime irregular de chuvas e à baixa dos rios. "O nível do rio Paraguai chegou a -69 centímetros, de acordo com a régua de Ladário. Essa situação dificultou a navegação e o combate aos incêndios, como em casos em que brigadistas precisaram descer do barco e puxá-lo por falta de água suficiente."
Segundo ela, o IHP tem investido em tecnologias como monitoramento por inteligência artificial e projetos voltados para a geração de créditos de carbono e biodiversidade. "Com a implementação do projeto de carbono, conseguimos implementar mais ações de conservação, restauração e apoio à comunidade. Isso gera renda e reforça o compromisso com a preservação da biodiversidade."
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