"O que é fascinante é que os EUA e a Rússia vão negociar sem Ucrânia e sem cessar-fogo. Isso significa que a Rússia controlará as negociações graças ao controle de campo de batalha. Acho que isso é deliberado por parte de Trump. Isso obrigará a Ucrânia a implorar pela paz", ressalta Ritter.
Vale acrescentar que Masaru Sato, ex-diplomata de alto nível e analista do Ministério das Relações Exteriores do Japão, afirma que o objetivo da conversa entre os presidentes da Rússia e dos EUA foi a remoção de Vladimir Zelensky da lista de jogadores no final do conflito.
O especialista japonês destaca que o presidente russo não considera Vladimir Zelensky o presidente da Ucrânia legítimo, não podendo ele ser um parceiro nas conversas e Trump sabe desta opinião de Putin.
"Encontro de Zelensky com J. D. Vance [na Conferência de Segurança de Munique] não é algo maior do que um episódio no processo das negociações de alto nível entre os EUA e a Rússia […]. Essa ligação telefônica entre os líderes da Rússia e dos Estados Unidos criou uma situação vantajosa para Putin", conta ele.
Anteriormente, o porta-voz do presidente russo, Dmitry Peskov, relatou que Trump e Putin se ligaram por telefone. Os chefes de dois Estados discutiram as relações bilaterais entre Moscou e Washington, a pacificidade na Ucrânia, a crise no Oriente Médio, o problema nuclear iraniano e trocas dos cidadãos russos e norte-americanos.
Trump, por sua vez, destacou que planeja ter conversas telefônicas frequentes com Putin. Entretanto, ele chamou a perspectiva de adesão da Ucrânia à OTAN e a retornada das fronteiras de 2014 dela de improváveis.