"Atitudes como essa são completamente desumanas. Veja que nós temos várias empresas, vários distribuidores, os Ceasas [Centrais de Abastecimento], que compõem o banco de alimentos […]. Alimentos que você colocaria no desperdício, trazer para que a gente possa colocar nas mãos de quem mais precisa. Ali foi uma clara irresponsabilidade social e uma falta de acessibilidade com as pessoas que precisam de comida em um país como o Brasil", disse o ministro.
Os vídeos publicados nas redes sociais levaram, em reação, a um projeto de lei (PL) apresentado pelo PSOL para responsabilizar quem manipula preços de alimentos por meio do descarte intencional. O PL 502/2025 propõe multa de até 10% do faturamento bruto anual a empresas que descartarem alimentos para fins de controle de preços.
As declarações foram feitas na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), na capital fluminense, quando o ministro assinou um protocolo de intenções com a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) para o programa Acredita no Primeiro Passo, lançado pelo governo federal no fim do ano passado para capacitar pessoas inscritas no Cadastro Único (CadÚnico).
De acordo com o ministro, o programa quer mobilizar a retirada de pessoas da pobreza e da extrema pobreza a partir de oportunidades, qualificação e investimentos para empreendedores.
"Queremos alcançar até 2026 o primeiro milhão de empresários, de empreendedores do Bolsa Família, do Cadastro Único social", acrescentou.
À Sputnik Brasil, o presidente do Conselho de Administração da AEB, Arthur Pimentel, afirmou que a entidade está incumbida de treinar e capacitar o público-alvo, além de atrair possíveis associados.
"A gente fez hoje aqui com dois exemplos, com a Wilson, Sons, uma empresa que está há 187 anos no mercado brasileiro; [...] a Wilson, Sons tem um programa principal que está aí na crista da onda chamado Horizonte Azul, que justamente busca atrair esse público-alvo do Cadastro Único. Outra empresa, a PRIO, nossa associada, maior exportadora de petróleo privada do Brasil, eles têm uma série de programas sociais e que hoje apresentou, até por meio de vídeo, um programa chamado Reação, que é uma forma de expressar um sentimento e uma vontade de fazer", destacou.
Além das empresas citadas acima, Dias também destacou parcerias com a Petrobras e com a Universidade Federal Fluminense (UFF) no âmbito do programa Acredita no Primeiro Passo.
Controle de preço dos alimentos
Dias também comentou o esforço da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para controlar a subida de preço dos alimentos ao retomar a política de estoques reguladores nesta quinta-feira, com estoques de trigo após 11 anos.
Segundo o governo, a companhia adquiriu cerca de 7,2 mil toneladas de trigo por meio do mecanismo de Aquisição do Governo Federal (AGF).
A expansão das cozinhas solidárias e investimentos do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) são outras estratégias para baratear os alimentos para a população, citou o ministro.
'A palavra-chave é negociar', diz presidente da AEB sobre taxações americanas
Em relação às taxações iniciadas pelo governo do presidente dos EUA, Donald Trump, sobretudo às direcionadas ao aço e ao alumínio, Pimentel afirmou que a AEB recebe essas ações de forma preocupante e que cabe ao atingido conversar e tentar negociar.
"A gente tem a notícia de que, apesar de tudo, desse choque, desse tiro, está vindo uma missão americana agora para o segundo semestre, justamente para tratar de acordos, especificamente Brasil e Estados Unidos. Então, isso é um sinal positivo. Eles não vão gastar o tempo deles mandando uma equipe para negociar com o Brasil. Então, a palavra-chave é negociar."