A pesquisa enfatiza o papel crucial da Arábia na evolução cultural e na diversificação das primeiras populações humanas no sudoeste da Ásia, com os artefatos sendo datados de aproximadamente 80.000 anos usando técnicas de luminescência.
Amostras de lâminas de pedra de 80.000 anos encontradas em Jebel Faya
"A história climática da região foi marcada por mudanças drásticas, passando de um período de condições favoráveis - caracterizado por rios e lagos permanentes - iniciado há cerca de 130.000 anos, para uma fase de extrema aridez que influenciou significativamente o assentamento humano e as práticas culturais", ressalta Knut Bretzke, o chefe da pesquisa.
Nota-se que as descobertas sugerem que, embora o norte e o sul da Arábia tenham experimentado desenvolvimentos culturais distintos durante essa transição, as tradições compartilhadas na produção de ferramentas de pedra indicam uma interação complexa da atividade humana em toda a península.
Além disso, a pesquisa indica que a expansão global do Homo sapiens ocorreu em várias ondas, com evidências de Jebel Faya sugerindo que uma dessas migrações ao longo do sul da península Arábica ocorreu há cerca de 80.000 anos.
No entanto, um desafio notável permanece: a ausência de vestígios humanos paleolíticos no sul da Arábia limita a capacidade de realizar análises genéticas que poderiam fornecer percepções mais profundas sobre as populações que habitaram a área.
Sítio arqueológico de Jebel Faya, na península Arábica.
As escavações em Jebel Faya revelaram evidências de atividade humana de aproximadamente 210.000 a 10.000 anos atrás, com escavações extensas que atingiram profundidades de cinco metros. Apesar da riqueza de ferramentas de pedra descobertas, a falta de restos fossilizados impede conexões diretas entre esses artefatos e linhagens genéticas específicas.
"Essa descoberta não apenas aprofunda nossa compreensão das primeiras migrações humanas, mas também indica que o sul da Arábia teve um papel mais complexo e vital na expansão do Homo sapiens do que se pensava anteriormente", finaliza o artigo.