Após uma reunião entre a secretária-geral do ministério e embaixadora, Maria Laura da Rocha, e a vice-ministra dos Negócios Estrangeiros e Expatriados do Estado da Palestina, Varsen Aghabekian Shahin, em Brasília, o Itamaraty mencionou o encontro em nota conjunta, ressaltando "preocupação com a fragilidade do cessar-fogo na Faixa de Gaza", além de condenar "violações israelenses", em particular a suspensão da entrada de ajuda humanitária e energia elétrica.
Expressaram ainda preocupação com a situação na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, "em vista da contínua expansão de assentamentos israelenses ilegais, ataques de colonos israelenses contra civis palestinos, ameaças de anexação e intensificação de operações militares israelenses em cidades e campos de refugiados palestinos, que levaram ao deslocamento forçado de dezenas de milhares de palestinos".
O texto citou a opinião consultiva da Corte Internacional de Justiça (CIJ) de 19 de julho de 2024, que concluiu que a presença continuada de Israel em território palestino é ilícita. Aborda ainda a urgência da retirada completa das forças israelenses do território e a libertação de reféns israelenses e prisioneiros palestinos detidos em violação ao direito internacional, assim como a definição de um "mecanismo robusto que garanta o acesso desimpedido de ajuda humanitária".
Na carta, Brasil e Palestina também defenderam o Plano de Recuperação, Reconstrução e Desenvolvimento de Gaza, adotado pela Liga dos Estados Árabes em 4 de março de 2025, e o retorno do governo do Estado da Palestina a Gaza.
Na reunião, os representantes do Brasil e da Palestina também ressaltaram que a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA, na sigla em inglês) é insubstituível e rejeitaram todas as tentativas de impedir suas atividades em Gaza.
Em 15 de janeiro, o governo israelense e o movimento palestino Hamas concordaram com um cessar-fogo de 42 dias, com a mediação de Catar, Egito e Estados Unidos. A trégua entrou em vigor em 19 de janeiro.
O acordo tem três fases, mas Israel se recusou a implementar a segunda, que exige uma retirada militar completa da Faixa de Gaza. Em vez disso, a nação judaica propõe estender a primeira fase, que inclui a libertação dos 59 reféns restantes (24 deles vivos) em troca de prisioneiros palestinos.
O Hamas rejeita essa proposta e exige passar diretamente para a segunda fase, o que levou Israel a suspender a entrada de ajuda humanitária no enclave em 2 de março.