A informação foi divulgada nesta sexta-feira (21) pelo jornal Folha de S.Paulo. Conforme a publicação, o ex-presidente se manifestou contra a permanência de Eduardo em território norte-americano. A decisão teria sido informada a Bolsonaro ainda no último sábado (15), um dia antes da manifestação no Rio de Janeiro a favor da anistia pelos crimes de 8 de janeiro de 2023, que registrou público muito aquém do esperado — Bolsonaro esperava mais de 1 milhão de pessoas em Copacabana.
Além disso, a publicação revelou que aliados alertaram Eduardo Bolsonaro de que a decisão mostraria uma tentativa de fuga a poucos dias de o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir se torna o pai réu no processo que investiga a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
O pedido de licença de 122 dias foi formalizado também nesta sexta, quando a Câmara dos Deputados convocou o suplente, Missionário José Olímpio (PL-SP), para assumir a vaga de deputado federal durante o afastamento de Eduardo Bolsonaro.
Mesmo assim, o deputado federal licenciado decidiu permanecer nos Estados Unidos, onde recebeu apoio de congressistas republicanos mais ligados ao presidente Donald Trump. Para a decisão, conforme a reportagem, pesou o receio de decisões do STF contra ele e também a tentativa de articular retaliações do governo norte-americano contra as medidas judiciais no Brasil.
Na última terça (18), o deputado federal Eduardo Bolsonaro anunciou que se licenciaria do mandato parlamentar para continuar residindo nos Estados Unidos, onde está atualmente, e evitar uma suposta perseguição. Em sua postagem, disse que a ida aos EUA tem como intuito focar "justas punições que Alexandre de Moraes e a sua gestapo da Polícia Federal merecem".
Articulação de sanções contra Moraes nos EUA
Um dia após Eduardo Bolsonaro anunciar o pedido de licença, o deputado republicano Rich McCormick chegou a citar a palavra "exílio" ao comentar a situação com o filho do ex-presidente brasileiro.
Diante disso, o parlamentar solicitou apoio de colegas no Congresso norte-americano para que sejam aprovadas sanções contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, que conduziu o inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado orquestrada pelo grupo ligado a Jair Bolsonaro, após perder as eleições em 2022.
"O fato de Eduardo Bolsonaro, o deputado mais votado da história do Brasil e filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, ter sido forçado a buscar exílio nos Estados Unidos demonstra a alarmante deterioração da democracia no maior país da América do Sul. Enviamos uma carta à Casa Branca pedindo o uso da Lei Global Magnitsky para tomar medidas decisivas contra o juiz Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal do Brasil", defendeu na data.
A Lei Global Magnitsky foi aprovada em 2016 pelo Congresso dos EUA e permite sanções do governo a autoridades estrangeiras acusadas de atentarem contra os direitos humanos e suspeitas de corrupção. Entre as sanções permitidas pela legislação, estão o bloqueio de bens e contas bancárias no país, o cancelamento de vistos e a proibição de entrar em território norte-americano.