Panorama internacional

Morte de adolescente brasileiro em prisão israelense evidencia 'política de extermínio', diz Fepal

Palestinos aguardam libertação de pessoas mantidas prisioneiras por Israel
O Brasil pediu esclarecimentos ao governo de Israel sobre as circunstâncias da morte do adolescente brasileiro Walid Khaled Abdullah Ahmed, de 17 anos, na prisão israelense de Megiddo nesse domingo (23).
Sputnik
O rapaz, que também é palestino, filho de pai brasileiro, morava com a família na região de Ramallah, na Cisjordânia ocupada, e foi levado por policiais israelenses em 30 de setembro de 2024. Ate então, estava detido sem acusação formal ou julgamento.
As circunstâncias da morte não foram esclarecidas, mas negligência médica é a principal hipótese, de acordo com a Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal). O presidente da federação, Ualid Rabah, pontuou que o caso de Walid é claramente de detenção arbitrária e tortura de um menor de idade, além da tentativa de, "através do terror", intimidar palestinos de dupla nacionalidade para que deixem a Palestina, bem como inibir famílias da diáspora a enviarem jovens ao território.

"Israel está exportando o genocídio para a diáspora palestina espalhada pelo mundo, seja matando cidadãos palestinos de dupla nacionalidade na Palestina ocupada, seja através de perseguição de ativistas palestinos em outros países. O objetivo é fragilizar os elos da diáspora palestina com a Palestina, especialmente da juventude, e continuar a limpeza étnica integral do povo palestino de suas terras. Este é o objetivo principal dos sionistas há mais de um século", defendeu ele em declarações à Sputnik Brasil.

Manifestantes exigem a libertação de reféns ainda mantidos sob o poder do Hamas na Faixa de Gaza. Tel Aviv, 18 de março de 2025
Panorama internacional
Israel tem protesto pelo fim da guerra e libertação de reféns em meio à retomada de ataques em Gaza
De acordo com o jornal O Globo, o governo brasileiro está apurando a causa da morte do adolescente. Além de cobrar explicações de Tel Aviv, o governo brasileiro está prestando assistência à família.
O governo vem adiando desde janeiro o aval para o novo embaixador em Brasília, o chamado agrément — aprovação formal que um país concede antes de aceitar diplomata estrangeiro como embaixador no território.
Para o representante da Fepal, no entanto, a posição do governo brasileiro deve ser a de um "país comprometido com o direito internacional e a dignidade humana", que exige o rompimento das relações diplomáticas e de todos os acordos de cooperação com Israel:

"Israel é réu por genocídio na Corte Internacional de Justiça. Seu primeiro-ministro, [Benjamin] Netanyahu, tem uma ordem de prisão por crimes de guerra e de lesa-humanidade emitida pelo Tribunal Penal Internacional, do qual o Brasil é signatário. Em particular, a quebra do cessar-fogo e a retomada da matança industrial em Gaza, incluindo o assassinato de mais de 200 crianças em um único dia, o maior infanticídio registrado na história moderna, mostra, para quem ainda não sabia, que Israel é violador sistemático do direito internacional, desconhece a linguagem diplomática e apenas se comunica através da matança e do extermínio", declarou.

Fontes da Fepal afirmam que o número de mortes sob custódia atingiu níveis sem precedentes, além de denúncias de tortura física, psicológica, privação de alimentos e negação de atendimento médico. O brasileiro é apenas um entre os mais de 60 jovens mortos em prisões israelenses desde outubro de 2023.
A federação estima que há cerca de 6,5 mil brasileiros-palestinos residentes na Palestina ocupada e sob ataque, sendo cerca de 100 em Gaza. Mas, atualmente, apenas 11 permanecem nesses locais.
Logo depois do início dos ataques de Israel à Faixa de Gaza, que resultou na morte de quase 50 mil pessoas, o Brasil adotou tom crítico às ações militares, com duras falas por parte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que comparou a morte dos palestinos ao extermínio de judeus na Segunda Guerra Mundial. Há meses o país está sem representante na embaixada de Tel Aviv.
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