A votação começou nesta manhã e segue no período da tarde. Os cinco ministros que compõem a Primeira Turma —
Alexandre de Moraes,
Flávio Dino,
Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin — votaram a favor do recebimento da denúncia que
torna Bolsonaro réu.
Ontem, o ex-presidente esteve no STF para acompanhar o julgamento. Entretanto, nesta quarta-feira, dia da decisão, ele não compareceu.
Em sua argumentação, antes de anunciar a decisão, o ministro Alexandre de Moraes transmitiu um vídeo dos atos de vandalismo do dia 8 de janeiro de 2023 e o chamou de
"comprovação de materialidade dos delitos". Durante a exibição do vídeo, ele narrou os delitos
citados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) na denúncia e afirmou que as imagens mostram uma "tentativa de golpe de Estado violentíssimo".
Já o ministro Flávio Dino, durante seu voto, lembrou que o golpe de 1964 não matou pessoas no primeiro dia, quando ocorreu, em 1º de abril daquele ano, mas centenas nos anos seguintes.
O ministro Luiz Fux argumentou que
"não se pode, de forma alguma, dizer que não aconteceu nada" sobre o 8 de Janeiro, e recordou outros protestos que ocorreram em torno do STF, entre eles no período da pandemia, mas
não da forma que se sucedeu no dia em questão, avaliado no julgamento.
Em seu voto, a ministra Cármen Lúcia também relembrou o golpe de 1964 para sustentar a argumentação. A decana do STF disse que "a denúncia não é inepta" e classificou que "os indícios de materialidade estão presentes".
Zanin, o último a votar, lembrou do conjunto de provas disponíveis, como vídeos, documentos e dispositivos "que dão amparo àquilo que foi apresentado pela acusação". Ele argumentou que não adianta dizer que "a pessoa não estava no 8 de Janeiro se
ela participou de uma série de atos que culminaram nesse evento que, em tese, é compatível com os delitos descritos pela PGR na denúncia". Na sequência, Dino interrompeu exemplificando que, sendo assim, o argumento de não estar presente em determinado local significaria que,
"se não fosse assim, não existiria mandante de homicídio".
Além de Bolsonaro, tornaram-se réus Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e atualmente deputado federal; Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha do Brasil; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal; Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência; Mauro Cid, ex-chefe da Ajudância de Ordens da Presidência; Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, e Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil.