A Argélia retirou nesta segunda-feira (7) seus embaixadores do Mali, do Níger e de Burkina Faso, que a acusaram de abater um drone em território malinês, e chamou de volta seus embaixadores nesses países ou atrasou sua chegada.
O país também fechou o espaço aéreo com o Mali para todos os aviões e as aeronaves, além de voos comerciais de Argel para Bamako. Em resposta, o Mali também fechou o espaço aéreo nacional e chamou de volta seu embaixador em Argel.
Em comunicado do Ministério das Relações Exteriores, a Argélia rejeitou as "graves acusações" feitas pelo Mali, que alega ter tido um de seus drones derrubados sobre território malinês.
Segundo Argel, dados de radar do Ministério da Defesa "estabelecem claramente a violação do espaço aéreo argelino" por um drone de reconhecimento do Mali.
"As falsas alegações de Bamako escondem, de forma muito imperfeita, a busca por saídas e desvios do fracasso manifesto de um projeto golpista que prendeu o Mali em uma espiral de insegurança, instabilidade, desolação e miséria", criticou em comunicado o governo da Argélia.
O Ministério da Defesa Nacional da Argélia anunciou, em 1º de abril, que havia abatido "por volta da 00h00, perto da cidade fronteiriça de Tin Zaouatine, um drone de reconhecimento armado que havia entrado em nosso espaço aéreo", disse a nota ao afirmar que não era a primeira violação do espaço aéreo argelino por um drone malinês.
Já Bamako afirmou que uma investigação "concluiu com absoluta certeza que o drone foi destruído após uma ação hostil premeditada do regime argelino".
Como resultado, os chefes de Estado da AES decidiram convocar para consultas os embaixadores dos Estados-membros em Argel.
De acordo com o governo do Mali, os destroços do drone estavam localizados 9,5 quilômetros ao sul da fronteira com a Argélia.
A junta maliense anunciou a retirada do Comitê de Chefes de Estado-Maior Conjunto, sediado na Argélia, aliança das Forças Armadas do Sahel contra o terrorismo. Também adiantou que fará uma queixa aos órgãos internacionais "por atos de agressão".
Os dois países têm vivido tensões diplomáticas há meses e, em dezembro de 2023, já haviam feito uma convocação mútua dos respectivos embaixadores por cerca de dois meses. Em janeiro de 2024, a junta maliense anunciou o "fim, com efeito imediato" do acordo de paz de Argel, assinado em 2015.
Desde 2012, o Mali enfrenta crise de segurança alimentar pela violência de grupos afiliados à Al-Qaeda e ao grupo Estado Islâmico, além de gangues locais. Desde que assumiu o poder em 2020, a junta também rompeu a antiga aliança com a França e a Europa.
Ontem (6), o ministro das Relações Exteriores do Mali, Abdoulaye Diop, acusou a Ucrânia de representar ameaça à segurança no continente africano e classificou o país como um "ator irresponsável". Ele se reuniu com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov.
Ainda, enfatizou que Moscou vai ajudar os Estados do Sahel a aumentar suas capacidades de combate.
"Ressaltei a disposição de Moscou de contribuir de todas as maneiras possíveis para fortalecer as capacidades das forças conjuntas dos Estados do Sahel, aumentando a capacidade de combate dessas tropas e das Forças Armadas nacionais de cada um dos três países, bem como treinando soldados e policiais", enfatizou.