Panorama internacional

Putin propõe diálogo pela paz sem pré-condições e contorna rejeição de Kiev, aponta analista

Após o fim das comemorações do 80º aniversário da Vitória em Moscou, que reuniu autoridades de diversos países, o presidente russo Vladimir Putin propôs negociações diretas de paz com a Ucrânia já na próxima semana "sem condições prévias". Especialistas analisam a proposta russa.
Sputnik
O analista militar e autor do livro "Guerra na Ucrânia: o Conflito Militar que Está Mudando a Geopolítica Mundial", Rodolfo Laterza, afirmou à Sputnik Brasil que essa é mais uma demonstração de Putin de tentar resolver o conflito ucraniano de forma "clara e objetiva", incluindo para os Estados Unidos, que desde o retorno do presidente Donald Trump ao poder têm buscado mediar a situação, mesmo com a resistência do regime de Kiev.

"São cinco fundamentos básicos, na perspectiva estratégica da Federação da Rússia, de resolução deste conflito, porém todos possuem dificuldades de implantação diante da ambivalência norte-americana e a dinâmica política do regime de Kiev, pautado pela rejeição intransigente de tais condições", pontua.

Entre as dificuldades citadas pelo especialista, estão a garantia permanente de não adesão da Ucrânia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), principalmente por conta dos "curadores europeus" de Kiev, como França e Reino Unido, que "irão dificultar a concretização de tal exigência russa".
O especialista ainda lembra que a "mobilização total e forçada" de cidadãos na Ucrânia demonstra a vontade em seguir com o conflito até "o último ucraniano", o que seria mais um obstáculo para alcançar a paz duradoura na região. Outro ponto é a continuidade do apoio militar à Ucrânia, principalmente pela Europa, isto porque, mesmo com a nova postura do governo Trump, a ajuda ocidental ainda não cessou.
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Putin propõe negociações diretas com a Ucrânia em Istambul em 15 de maio (VÍDEOS)

"Até o momento o apoio decisivo ao esforço de guerra contra a Rússia não cessou, seja no fornecimento de dados de inteligência, gerenciamento de dados de comando e controle, provisão de sistemas de reconhecimento, vigilância e monitoramento, bem como entrega de sistemas de armas e munições à Ucrânia", acrescentou, ao citar a continuidade do apoio ocidental.

Para além da questão militar, o especialista lembra também a continuidade das sanções contra a Rússia, que nesta nova rodada tem como foco a frota de petroleiros de Moscou, principalmente no mar Báltico.
Outra das questões importantes para as negociações de paz, segundo Laterza, é o fim da perseguição jurídica ucraniana ao idioma russo e também à Igreja Ortodoxa Ucraniana filiada ao patriarcado de Moscou. "O regime de Kiev intensificou medidas punitivas e restritivas a tudo que seja culturalmente russo", diz.

Ucrânia e as constantes violações às tentativas de cessar-fogo

Em seu discurso, o presidente Putin lembrou os recentes acordos de cessar-fogo na Ucrânia, quando, apesar da iniciativa russa, só em relação à infraestrutura energética houve mais de 130 violações pelo regime de Kiev. O jornalista e autor do livro "O povo esquecido: uma história de genocídio e resistência no Donbass", Eduardo Vasco, pontuou à Sputnik Brasil que as "propostas da Ucrânia e da OTAN nunca são realmente sérias".
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"Olhando em retrospectiva, podemos notar que algum tipo de proposta russa mais ousada já vinha sendo preparado há dois meses, porque primeiro Moscou suspendeu unilateralmente os ataques a instalações energéticas, entre março e abril; depois, o Kremlin propôs uma trégua de Páscoa, que a Ucrânia concordou; e, por último, o cessar-fogo do Dia da Vitória, ignorado por Kiev", destacou.
Para o especialista, as reuniões bilaterais de Putin em meio às comemorações do Dia da Vitória também podem ter influenciado a proposta para a retomada da mesa de negociações com Kiev, principalmente os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da China, Xi Jinping.

"É público que a China e o Brasil são coautores de uma ação informal no sentido de mediarem a reaproximação entre a Rússia e a Ucrânia, e o próprio presidente brasileiro se propôs conversar sobre a paz com Putin, coisa que, segundo os relatos na imprensa, ele realmente fez", finalizou.

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