Panorama internacional

Análise: fórum da CELAC em Pequim reforça status da China de potência responsável diferente dos EUA

O encontro estatal promovido pela China com os países da CELAC vão além de estabelecer acordos comerciais e de investimentos, apontam analistas à Sputnik Brasil. Pelo contrário, reforçam a potência de Pequim como um poder responsável.
Sputnik
Em discurso no IV Fórum da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC)-China, em Pequim, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu maior integração de países latino-americanos com a China. Segundo o presidente, não há saída para a região individualmente, e os países devem buscar parceiros que queiram construir "um mundo compartilhado".

"Ou nós nos juntamos entre nós e procuramos parceiros que queiram, junto conosco, construir um mundo compartilhado, ou a América Latina tende a continuar sendo uma região que representa a pobreza no mundo de hoje", disse o presidente.

Além de Lula, a reunião contou com a participação dos presidentes Gabriel Boric, do Chile, e Gustavo Petro, da Colômbia. O presidente argentino, Javier Milei, que havia sinalizado presença no fórum, não compareceu ao evento. Segundo a mídia argentina, Milei decidiu evitar o desgaste com os EUA, atualmente em guerra tarifária contra a China, e enviou em seu lugar uma delegação de segundo escalão.
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Entre os anúncios, os mais importantes são o lançamento de uma linha de crédito de quase US$ 10 bilhões para a América Latina e cinco programas de cooperação com o Caribe, destaca Rodrigo Abreu, pesquisador do Núcleo de Avaliação da Conjuntura (NAC) ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil.
Segundo o doutorando em relações internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), entre os programas estão um intercâmbio parlamentar que visa alinhar América Latina e China e um programa de investimento em setores estratégicos no âmbito da Iniciativa Cinturão e Rota e da Iniciativa de Desenvolvimento Global.
"A Iniciativa Cinturão e Rota a gente conhece bastante, mas a Iniciativa de Desenvolvimento Global também é importante. Ela é o carro-chefe da política externa da China", comenta Abreu.

"Nos últimos anos, a ideia basicamente é que quanto mais desenvolvimento você tem, mais segurança você gera no sistema internacional. Então a China se pauta nisso para investir em desenvolvimento em setores estratégicos de países que ela considera próximos."

Ele acrescenta que os outros três programas anunciados são relativos ao diálogo cultural entre os países, à segurança e à cooperação em temas sensíveis.
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Outro ponto de destaque abordado no fórum apontado por Abreu foi a inteligência artificial (IA). Ele avalia que, pelo que tem observado, o assunto também será um dos principais tópicos abordados na Cúpula do BRICS, marcada para 6 e 7 de julho deste ano, no Rio de Janeiro.
Sua opinião é embasada pelo fato de que, dentro da linha de crédito mencionada, parte do valor é destinado especificamente ao desenvolvimento da infraestrutura de 5G, desenvolvimento da infraestrutura de IA e economia digital. "Essa foi a principal abordagem na CELAC em relação a isso."
Ele afirma ainda que, nos últimos anos, a China tem ampliado parcerias, mirando diversos parceiros, o que inclui a América Latina, e afirma que a ideia de Pequim ao estreitar laços com a região é "se projetar como potência responsável", com uma postura diferente da abordagem instável e intervencionista estadunidense.

"É sempre manter uma postura mais sóbria, mais estável e mais responsável. Isso dialoga bastante com as próprias teorias de relações internacionais da China. E aí a China passa essa mensagem, ao mesmo tempo que projeta mercado alternativo."

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