https://noticiabrasil.net.br/20250509/reuniao-entre-lula-e-putin-reforca-papel-estrategico-da-parceria-entre-os-paises-do-sul-global--39468733.html
Reunião entre Lula e Putin reforça papel estratégico da parceria entre países do Sul Global
Reunião entre Lula e Putin reforça papel estratégico da parceria entre países do Sul Global
Sputnik Brasil
Quinze anos após o último encontro em pessoa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontrou com Vladimir Putin em Moscou, em meio a um cenário... 09.05.2025, Sputnik Brasil
2025-05-09T19:10-0300
2025-05-09T19:10-0300
2025-05-14T15:08-0300
panorama internacional
rússia
vladimir putin
brasil
sul global
sputnik brasil
luiz inácio lula da silva
exclusiva
china
onu
https://cdn.noticiabrasil.net.br/img/07e9/05/09/39467668_0:0:3081:1734_1920x0_80_0_0_a665ca5df6bb2b69cd5e0ded331aac88.jpg
A reunião, que ocorre em meio às comemorações do Dia da Vitória na Grande Guerra pela Pátria, tem como objetivo fortalecer laços estratégicos, além de discutir novas oportunidades de cooperação entre os países.À Sputnik Brasil, Valdir Bezerra, especialista em relações internacionais, analisou as principais implicações dessa visita e os interesses estratégicos do Brasil ao buscar aprofundar sua parceria com a Rússia.Defesa, tecnologia e energiaLula destacou que a visita é uma oportunidade para o Brasil estreitar ainda mais a cooperação com a Rússia, sobretudo nas áreas de defesa, ciência, tecnologia e energia. Desde a primeira visita de Lula à Rússia, no início dos anos 2000, a relação entre os dois países foi marcada por um forte vínculo pessoal entre os presidentes, algo que Bezerra considera um aspecto essencial dessa relação.A Rússia possui uma grande expertise em diversas áreas que Lula vê como cruciais para o Brasil, como defesa, ciência e tecnologia, aponta Bezerra. Em sua entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, a ministra Luciana Santos, da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil, destacou que o país vê em Moscou um parceiro inclusive no setor aeroespacial, como na construção de um lançador de satélites."A Rússia tem uma expertise no segmento aeroespacial que é reconhecida mundialmente, então há bastante espaço para que a cooperação nesse âmbito em específico seja aprimorada", enfatiza Bezerra.O especialista ressalta ainda que os fertilizantes russos são um insumo crucial para o agronegócio brasileiro. No entanto, como Mauro Vieira afirmou, também em entrevista exclusiva à Sputnik, o Brasil não vai à Rússia apenas para confirmar esses laços, mas para diversificá-los ainda mais."Existe grande espaço para que essa diversificação ocorra", diz Bezerra, citando que, para dois países de tamanho continental, o volume atual de comércio bilateral tem bastante potencial de crescimento.Atualmente na marca de US$ 12 bilhões (aproximadamente R$ 68 bilhões), historicamente o comércio tem sido deficitário para o Brasil. A diversificação, defende Bezerra, poderia beneficiar a economia brasileira a longo prazo, ao exportar mais produtos de valor agregado para a Rússia.A governança globalOutro ponto importante discutido durante o encontro foi o papel da Rússia no fortalecimento do multilateralismo. Bezerra acredita que a Rússia é essencial para a defesa de uma nova ordem internacional mais multipolar, onde o poder não fique concentrado apenas no Ocidente.Para o Brasil, essa é uma oportunidade de trabalhar com a Rússia, a China e outros países do Sul Global para promover uma governança mais representativa no cenário internacional.Um dos exemplos mais claros dessa reforma é a expansão do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU). A Rússia tem apoiado essa aspiração do Brasil, e essa é uma parceria que deve ser cada vez mais fortalecida, avaliou Bezerra.Por sua vez, Bezerra lembra que o Brasil apoiou a entrada da Rússia na Organização Mundial do Comércio (OMC) e, mais recentemente, e o fortalecimento do BRICS, agrupamento formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul que se expandiu recentemente para incluir Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos, Indonésia e Irã.Além disso, na 16ª cúpula de chefes de Estado, sediada em Kazan, Rússia, no ano passado, foi criada a categoria de países parceiros, da qual já fazem parte nove nações: Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda e Uzbequistão.De acordo com Guilherme Conceição, doutorando em relações internacionais e pesquisador do Centro de Investigação em Rússia, Eurásia e Espaço Pós-Soviético (CIRE), o Brasil tem se esforçado para consolidar um papel de mediador no cenário internacional, especialmente em relação ao conflito na Ucrânia.Embora o governo brasileiro tenha enfrentado críticas pela visita a Moscou em um contexto de polarização política mundial, Conceição argumenta que a ação visa colocar o Brasil como um ator relevante nas discussões globais, reafirmando o compromisso com a diplomacia multilateral."Essa visita buscaria também reafirmar a importância de mantermos as iniciativas multilaterais de pé", diz. "Tudo isso converge a favor do Brasil e demonstra que, na prática, esse isolamento [internacional] é muito mais complexo do que parece."Entre os principais objetivos dessa cooperação, destacam-se os interesses comerciais e energéticos. A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Rússia contou com a participação de figuras estratégicas, incluindo ministros e empresários.O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, teve um encontro crucial com representantes da Tenex, subsidiária da gigante russa Rosatom, a maior importadora de urânio do mundo. A proposta de um acordo de joint venture para a exploração de recursos minerais, incluindo urânio, é um dos pontos centrais dessa parceria.Anteriormente, a ministra Luciana Santos comentou com a Sputnik Brasil a possibilidade da construção de um reator em conjunto com a Rússia. A um correspondente da Sputnik, o CEO da Rosatom, Aleksei Likhachev, confirmou que os países conversam sobre a implementação de pequenos reatores nucleares no Brasil.A atuação do Brasil em relação ao conflito ucraniano e suas alianças com outros arranjos internacionais, como o BRICS e o Mercosul, são frequentemente vistas com ceticismo por alguns analistas. No entanto, para Conceição, a estratégia brasileira de estreitar os laços com a Rússia é uma oportunidade para garantir uma posição de destaque na nova ordem global emergente."Alguns analistas esquecem que a visita do presidente Lula a Moscou não se trata apenas de um gesto de apoio à Rússia, mas sim de uma estratégia para fortalecer a presença do Brasil em um cenário geopolítico em transição."
https://noticiabrasil.net.br/20250509/exclusiva-parceria-com-a-russia-e-central-a-politica-externa-brasileira-diz-mauro-vieira-a-sputnik-39447233.html
https://noticiabrasil.net.br/20250508/governo-lula-busca-soberania-tecnologica-e-parceria-com-russia-e-estrategica-diz-ministra-39443686.html
https://noticiabrasil.net.br/20250509/ceo-da-rosatom-confirma-que-brasil-e-russia-discutem-construcao-de-usina-nuclear-de-baixa-39470393.html
brasil
sul global
china
moscou
Sputnik Brasil
contato.br@sputniknews.com
+74956456601
MIA „Rossiya Segodnya“
2025
notícias
br_BR
Sputnik Brasil
contato.br@sputniknews.com
+74956456601
MIA „Rossiya Segodnya“
https://cdn.noticiabrasil.net.br/img/07e9/05/09/39467668_267:0:2998:2048_1920x0_80_0_0_ab953e16f4804e32f14c098f44177959.jpgSputnik Brasil
contato.br@sputniknews.com
+74956456601
MIA „Rossiya Segodnya“
rússia, vladimir putin, brasil, sul global, sputnik brasil, luiz inácio lula da silva, exclusiva, china, onu, organização mundial do comércio, moscou, brics, nações unidas, conselho de segurança das nações unidas, organização das nações unidas, omc
rússia, vladimir putin, brasil, sul global, sputnik brasil, luiz inácio lula da silva, exclusiva, china, onu, organização mundial do comércio, moscou, brics, nações unidas, conselho de segurança das nações unidas, organização das nações unidas, omc
A reunião, que ocorre em meio às comemorações do Dia da Vitória na Grande Guerra pela Pátria, tem como objetivo
fortalecer laços estratégicos, além de
discutir novas oportunidades de cooperação entre os países.
À Sputnik Brasil, Valdir Bezerra, especialista em relações internacionais, analisou as principais implicações dessa visita e os interesses estratégicos do Brasil ao buscar aprofundar sua parceria com a Rússia.
Defesa, tecnologia e energia
Lula destacou que a visita é uma oportunidade para o Brasil estreitar ainda mais a cooperação com a Rússia, sobretudo nas áreas de defesa, ciência, tecnologia e energia. Desde a primeira visita de Lula à Rússia, no início dos anos 2000, a relação entre os dois países foi marcada por um forte vínculo pessoal entre os presidentes, algo que Bezerra considera um aspecto essencial dessa relação.
A Rússia possui uma grande expertise em diversas áreas que Lula vê como cruciais para o Brasil, como defesa, ciência e tecnologia, aponta Bezerra. Em sua entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, a ministra Luciana Santos, da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil, destacou que o país vê em Moscou um parceiro inclusive no setor aeroespacial, como na construção de um lançador de satélites.
"A Rússia tem uma expertise no segmento aeroespacial que é reconhecida mundialmente, então há bastante espaço para que a cooperação nesse âmbito em específico seja aprimorada", enfatiza Bezerra.
O especialista ressalta ainda que os fertilizantes russos são um insumo crucial para o agronegócio brasileiro. No entanto, como Mauro Vieira afirmou, também em entrevista exclusiva à Sputnik, o Brasil não vai à Rússia apenas para confirmar esses laços, mas para diversificá-los ainda mais.
"Existe grande espaço para que essa diversificação ocorra", diz Bezerra, citando que, para dois países de tamanho continental, o volume atual de comércio bilateral tem bastante potencial de crescimento.
Atualmente na marca de US$ 12 bilhões (aproximadamente R$ 68 bilhões), historicamente o comércio tem sido deficitário para o Brasil. A diversificação, defende Bezerra, poderia beneficiar a economia brasileira a longo prazo, ao exportar mais produtos de valor agregado para a Rússia.
Outro ponto importante discutido durante o encontro foi o papel da Rússia no fortalecimento do multilateralismo. Bezerra acredita que a Rússia é essencial para a defesa de uma nova ordem internacional mais multipolar, onde o poder não fique concentrado apenas no Ocidente.
"As instituições multilaterais precisam refletir essa nova realidade multipolar do mundo, onde você testemunha novos centros de poder."
Para o Brasil, essa é uma oportunidade de trabalhar com a Rússia, a China e outros países do Sul Global para promover uma governança mais representativa no cenário internacional.
Um dos exemplos mais claros dessa reforma é a expansão do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU). A Rússia tem apoiado essa aspiração do Brasil, e essa é uma parceria que deve ser cada vez mais fortalecida, avaliou Bezerra.
Por sua vez, Bezerra lembra que o Brasil apoiou a entrada da Rússia na Organização Mundial do Comércio (OMC) e, mais recentemente, e
o fortalecimento do BRICS, agrupamento formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul que se expandiu recentemente para incluir Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos, Indonésia e Irã.
Além disso, na 16ª cúpula de chefes de Estado, sediada em Kazan, Rússia, no ano passado, foi criada a categoria de países parceiros, da qual já fazem parte nove nações: Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda e Uzbequistão.
De acordo com Guilherme Conceição, doutorando em relações internacionais e pesquisador do Centro de Investigação em Rússia, Eurásia e Espaço Pós-Soviético (CIRE), o Brasil tem se esforçado para consolidar um papel de mediador no cenário internacional, especialmente em relação ao conflito na Ucrânia.
Embora o governo brasileiro tenha enfrentado críticas pela visita a Moscou em um contexto de polarização política mundial, Conceição argumenta que a ação visa colocar o Brasil como um ator relevante nas discussões globais, reafirmando o compromisso com a diplomacia multilateral.
"Essa visita buscaria também reafirmar a importância de mantermos as iniciativas multilaterais de pé", diz. "Tudo isso converge a favor do Brasil e demonstra que, na prática, esse isolamento [internacional] é muito mais complexo do que parece."
"Nas relações internacionais, o que impera são os interesses nacionais. O Brasil acerta ao, de certa forma, buscar um assento na nova estrutura de poder que está tomando forma."
Entre os principais objetivos dessa cooperação, destacam-se os interesses comerciais e energéticos. A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Rússia contou com a participação de figuras estratégicas, incluindo ministros e empresários.
O ministro de Minas e Energia,
Alexandre Silveira, teve um encontro crucial com representantes da Tenex, subsidiária da
gigante russa Rosatom, a maior importadora de urânio do mundo. A proposta de um acordo de joint venture para a exploração de recursos minerais, incluindo urânio, é um dos pontos centrais dessa parceria.
Anteriormente, a ministra Luciana Santos comentou com a Sputnik Brasil a possibilidade da construção de um reator em conjunto com a Rússia. A um correspondente da Sputnik, o CEO da Rosatom, Aleksei Likhachev, confirmou que os países conversam sobre a implementação de pequenos reatores nucleares no Brasil.
"O setor energético, especialmente o gás natural e a energia nuclear, surge como uma oportunidade de expansão para ambos os países. Isso inclui não só o mercado de urânio, mas também áreas de pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias", afirmou o especialista.
A atuação do Brasil em relação ao conflito ucraniano e suas alianças com outros arranjos internacionais, como o BRICS e o Mercosul, são frequentemente vistas com ceticismo por alguns analistas. No entanto, para Conceição, a estratégia brasileira de estreitar os laços com a Rússia é uma oportunidade para garantir uma posição de destaque na nova ordem global emergente.
"Alguns analistas esquecem que a visita do presidente Lula a Moscou não se trata apenas de um gesto de apoio à Rússia, mas sim de uma estratégia para fortalecer a presença do Brasil em um cenário geopolítico em transição."
"O Brasil está buscando garantir seu lugar na construção dessa nova arquitetura global, onde as grandes potências estão cada vez mais fragmentadas e o centro de poder está se deslocando para outras regiões do mundo", concluiu o especialista.
Acompanhe as notícias que a grande mídia não mostra!
Siga a Sputnik Brasil e tenha acesso a conteúdos exclusivos no nosso canal no Telegram.
Já que a Sputnik está bloqueada em alguns países, por aqui você consegue baixar o nosso aplicativo para celular (somente para Android).