Panorama internacional

Após conversa com Putin, Trump precisa sair da guerra por procuração do Ocidente, diz analista

A conversa de mais de duas horas entre os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e dos EUA, Donald Trump, nesta segunda-feira (19), foi celebrada com otimismo pelas partes, tanto em relação ao fim do conflito na Ucrânia quanto ao futuro comercial de "grande escala" entre os países.
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Entretanto, à Sputnik Brasil, o analista em conflitos armados Rodolfo Laterza ressalta que qualquer acordo efetivo entre Estados Unidos e Rússia tem a condição prévia de que Washington deixe de integrar a "guerra por procuração" praticada pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) no conflito ucraniano.

"Para isso, deve interromper de uma vez por todas o fornecimento de dados de inteligência, que são essenciais para os ataques em profundidade no território russo de drones ucranianos e também para o fornecimento logístico de armas e munições."

Laterza também mencionou que a afirmação de Putin de que a Federação da Rússia está pronta para negociar um memorando sobre um possível acordo de paz com a Ucrânia, incluindo um cessar-fogo, reforça que as condições geopolíticas, culturais e políticas estabelecidas por Moscou ao regime de Kiev serão mantidas.
Isso significa que as tropas ucranianas devem se afastar das regiões reintegradas ao território russo após o referendo de setembro de 2022; que a Constituição da Ucrânia deve manter seu posicionamento geopolítico neutro; e que bases militares estrangeiras e armas de destruição em massa devem ser proibidas no país.
Segundo Laterza, autor do livro "Guerra na Ucrânia: análises e perspectivas. O conflito militar que está mudando a geopolítica mundial", as condições de Moscou são "bem claras" e revelam como a Rússia está preparada para um cessar-fogo, desde que haja um avanço em relação às suas propostas.
No entanto, o autor opina que "muito dificilmente haverá adesão da Ucrânia a qualquer formato de discussão efetiva para a resolução do conflito".
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Prova disso, frisou, é o fato de que diariamente a Ucrânia promove ataques de drones a regiões principalmente fronteiriças em território russo, matando civis e atacando a infraestrutura civil.

"O problema é o cumprimento dos acordos por parte do regime de Kiev e seus curadores ocidentais, entre os quais os governos britânico, francês, alemão, polonês e dos Países Bálticos, que praticam uma russofobia sistemática e contínua."

Por trás de Kiev estão potências europeias que, além de terem investido muito dinheiro, que nunca será recuperado se o conflito acabar em breve, serão as principais prejudicadas com a mudança do sistema de segurança mundial que surgirá com o fim das sanções contra a Rússia.
Logo após conversar com Vladimir Putin, Donald Trump reportou sua conversa a lideranças europeias em um telefonema. Segundo o porta-voz do governo alemão, Stefan Kornelius, estavam presentes na ligação os líderes de Alemanha, França, Finlândia, Itália e Ucrânia e da Comissão Europeia.

"A Europa será um ator absolutamente pouco expressivo nessa configuração da arquitetura de segurança global. Daí o fato também de buscarem atuar contra, de todas as formas, a resolução desse conflito. […] vão tentar, através de formatos diplomáticos já consolidados, como o G7 e a própria OTAN, criar dificuldades para os Estados Unidos buscarem qualquer composição bilateral com a Rússia", concluiu.

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