Segundo Dilma, a conjuntura internacional, marcada por tensões geopolíticas e políticas protecionistas, exige uma atuação coordenada entre os países emergentes. "É preciso ampliar a cooperação em áreas fundamentais, como ciência, tecnologia e desenvolvimento sustentável", afirmou a ex-presidente brasileira, que atualmente comanda o chamado "banco do BRICS", sediado em Xangai, na China.
A fala foi feita durante a sessão de abertura do evento, que contou com a presença de representantes dos parlamentos dos países-membros e convidados de nações parceiras.
Além de Dilma, também participaram da cerimônia o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre.
O 11° Fórum Parlamentar do BRICS segue até a próxima quinta-feira (5), com debates sobre economia, desenvolvimento sustentável, inteligência artificial e reforma das instituições internacionais.
Pela manhã, o presidente em exercício, Geraldo Alckmin, defendeu o fortalecimento da soberania dos países emergentes. Uma coletiva com o político estava prevista, mas foi cancelada por conta de outros compromissos. Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarcou para cumprir agenda na França.
Durante a cerimônia de abertura, parlamentares brasileiros enfatizaram pautas tradicionais do grupo, como a reforma das organizações internacionais, a exemplo da Organização das Nações Unidas (ONU), e a substituição do dólar por moedas locais no comércio entre os países-membros. A proposta visa reduzir os custos de transações e fomentar alternativas de negócios mais justas e equilibradas.
O presidente da Câmara chamou atenção para o cenário atual de multilateralismo e fortalecimento do comércio entre países do Sul Global como resposta ao enfraquecimento da cooperação internacional promovida por potências.
Já Alcolumbre destacou a diversidade cultural e política dos países-membros e parceiros do BRICS como um trunfo na busca por equilíbrio geopolítico. Segundo o presidente do Senado, a ampliação do grupo e a entrada de novos parceiros refletem a construção de uma nova ordem internacional, mais plural e menos centrada no Ocidente.
Críticas ao unilateralismo adotado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também marcaram o fórum. O deputado Fausto Pinato, coordenador do evento, acusou o líder norte-americano de promover chantagens econômicas e desrespeitar a soberania de outros países, ao ameaçar nações que optam por sistemas de pagamento fora da hegemonia do dólar.
A estrutura atual da ONU foi duramente criticada por parlamentares como Humberto Costa, que apontou a defasagem do sistema internacional, ainda baseado em uma geopolítica da década de 1950. Para ele, o protagonismo crescente de países da África, América Latina e Ásia exige reformas que reflitam a nova realidade global.