O chamado Comboio da Resiliência reúne cerca de 2 mil participantes, entre políticos tunisianos, ativistas de direitos humanos, médicos e jornalistas. O grupo partiu de Túnis, capital da Tunísia, em carros e ônibus rumo à passagem de Rafah, na fronteira da Faixa de Gaza com o Egito.
A expectativa é de que ativistas de países como Mauritânia, Marrocos, Argélia, Líbia e Egito se juntem ao grupo ao longo do trajeto.
"Estão previstas paradas nas províncias tunisianas de Sfax, Gabès e Medenine para embarcar o restante dos participantes. Em seguida, viajaremos pela Líbia, passando por Trípoli, Misrata, Sirte, Benghazi e Tobruk. Cruzaremos a fronteira egípcia em Sallum, chegaremos ao Cairo e então ao posto de controle de Rafah", explicou o médico tunisiano Mohamed Amin Bennour.
O comboio faz parte de um esforço humanitário internacional para pressionar Israel a suspender o bloqueio imposto à Faixa de Gaza, acrescentou o médico.
Ativistas são detidos por Israel no fim de semana, incluindo brasileiro
No último fim de semana, 12 ativistas que estavam a bordo da embarcação Madleen, também rumo à Gaza, foram interceptados pelas Forças de Defesa de Israel (FDI) e levados ao país, de onde devem ser deportados para seus locais de origem. O barco levava mantimentos, remédios e água para as vítimas da guerra promovida por Israel desde outubro de 2023.
Entre os detidos estão a ativista sueca Greta Thumberg e o brasileiro Thiago Ávila, integrantes do grupo Flotilha da Liberdade. Anteriormente, membros da coalizão chegaram a afirmar ter perdido contato com os passageiros da embarcação e, na sequência, foram informados do desembarque em Ashdod.
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores informou que Ávila foi levado ao aeroporto de Tel Aviv, onde embarca para o Brasil.
"A secretária-geral confirmou a chegada de Thiago Ávila ao aeroporto de Tel Aviv, de onde retornará ao Brasil. Assegurou a presença de funcionários da embaixada do Brasil no aeroporto para garantir que o brasileiro receba tratamento digno e tenha seus direitos observados", informou a pasta em nota.
População enfrenta risco de fome extrema
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), a Faixa de Gaza vive uma das piores crises humanitárias da história, onde toda a população enfrenta risco de fome extrema por conta dos bloqueios promovidos por Israel que impedem a chegada de alimentos e ajuda internacional.
Após um cessar-fogo de dois meses, Israel retomou os ataques à Faixa de Gaza em 18 de março, quando voltou a proibir a entrada de alimentos e outros bens no enclave.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que os ataques continuariam porque o Hamas se recusou a aceitar um plano norte-americano para estender o cessar-fogo e libertar reféns. A Fundação Humanitária para Gaza (GHF, na sigla em inglês), apoiada pelos EUA, assumiu a entrega de ajuda ao enclave no fim de maio.