Durante auscultas, o ex-número 2 da Defesa disse que nunca teve intenção de confrontar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Além disso, negou participação, por meio de ações, na tentativa de golpe de Estado para manter Jair Bolsonaro no poder e pediu desculpas pelas falas contra as urnas eletrônicas.
"Foram palavras mal colocadas. Dar a entender de chamar o TSE de inimigo, isso jamais, em tempo algum. A assunção de Vossa Excelência melhorou a minha vida", disse o general.
O ex-ministro defendeu que não existe uma minuta sobre supostas fraudes nas urnas e que nunca tomou conhecimento ou recebeu o documento, além de dizer que não despachou nada sobre o sistema eleitoral com Bolsonaro.
"Simplesmente esse documento até hoje eu não sei do que se trata […] Não houve reunião, não levei o relatório para o presidente assinar. O presidente da República jamais me pressionou", arguiu.
Envolvidos já depoentes
Mais cedo, o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) foi ouvido, seguido do almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, que negou ter colocado suas tropas à disposição de Bolsonaro para o plano de golpe, mas confirmou ter participado de reunião no Palácio da Alvorada em que foi discutida a possibilidade de implementar um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), sem exprimir sua opinião.
Em seguida, Alexandre de Moraes ouviu o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, que foi secretário de segurança do Distrito Federal quando ocorreram os atos do 8 de Janeiro. Ele foi acusado de omitir ou facilitar a invasão dos prédios dos Três Poderes, e chegou a ser preso.
Os interrogatórios do núcleo crucial da trama golpista começaram ontem (9). O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, foi o primeiro a ser ouvido, pois fechou uma delação premiada com a Polícia Federal. Cid pontuou que "presenciou grande parte dos fatos, mas não participou deles". Ele também afirmou que Bolsonaro recebeu, leu e fez alterações em uma minuta golpista elaborada por assessores.
O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) falou logo depois de Cid e negou tentar provar fraudes em urnas e documentos lidos. Na época chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), ele também negou ter participado da tentativa de golpe de Estado para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder.
Antes dessa fase, foram ouvidas testemunhas da Procuradoria-Geral da República (PGR) e das defesas dos acusados. Os depoimentos ocorrerão de forma presencial na Corte, com exceção de Braga Netto, que será ouvido em videoconferência por estar preso preventivamente desde dezembro, no Rio de Janeiro.