"Se o conflito se espalhar para todo o Oriente Médio e afetar outros campos de produção na Arábia Saudita ou nos Emirados Árabes Unidos, o preço projetado, considerando uma perda acumulada de 30% da oferta global, seria de US$ 315 [R$ 1.730] por barril. Trata-se de um cenário de pressão prolongada capaz de sobrecarregar a capacidade de resposta dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico [OCDE]", argumenta.
Oportunidade ou vulnerabilidade estrutural?
"Mesmo com preços acima de US$ 200, as graves limitações técnicas, financeiras e políticas enfrentadas pela [estatal de petróleo da Venezuela] PDVSA, resultado de dez anos de medidas coercitivas unilaterais, impedem uma resposta rápida. A infraestrutura está se deteriorando, o investimento é mínimo e as sanções continuam a limitar a capacidade de exportação e o acesso a financiamento externo", aponta González Cárdenas.
Na opinião do especialista, há uma pressão crescente do setor energético norte-americano para reativar as operações na Venezuela. "Um alívio condicional das sanções poderia abrir canais de comercialização limitados, mas sem o reconhecimento político do governo venezuelano", afirma.
"Estamos diante de uma janela de oportunidade estratégica, mas altamente contingente. Se o bloqueio financeiro não for levantado e investimentos urgentes não forem feitos, o país não poderá aproveitar o boom energético. É uma corrida contra o tempo", concluiu González Cárdenas.