"Não, não haverá encontros em um futuro próximo. Esperamos a terceira rodada de negociações e confiamos que os prazos sejam anunciados nos próximos dias", disse Peskov ao canal de televisão Belarus1, em Minsk.
Peskov foi questionado sobre quais fatores podem influenciar a velocidade do processo de negociação com a Ucrânia. "Depende de muitas coisas: da posição do regime de Kiev e de quão eficazes continuem sendo os esforços de mediação de Washington. Vai depender disso", respondeu.
Após a cúpula da União Econômica da Eurásia (UEEA), também em Minsk, no último sábado (28), o presidente Vladimir Putin afirmou que os chefes das delegações de ambos os países estão em contato direto e operacional sobre a possível data e o local do novo encontro. Putin indicou que a Turquia segue sendo considerada como país anfitrião.
"Concordamos que, após a conclusão desta fase, realizaremos a terceira rodada de negociações. Estamos, de modo geral, prontos para isso. O local e a data ainda precisam ser definidos. Espero que o presidente [da Turquia Recep Tayyip] Erdogan mantenha sua postura de apoio a esse processo. Somos muito gratos a ele por isso. Estamos dispostos a realizar essa reunião em Istambul", afirmou.
Segundo Putin, o principal tema da próxima rodada deveria a análise dos dois memorandos apresentados por Kiev e Moscou. "Na minha opinião, a discussão deve se concentrar nos memorandos de ambas as partes. São dois documentos absolutamente opostos, o que não é surpreendente. Mas é exatamente por isso que as negociações existem: para encontrar formas de aproximar as posições", disse.
O presidente também destacou o avanço das trocas humanitárias entre os países como um fator positivo para destravar o diálogo político. A Rússia já devolveu mais de seis mil corpos de soldados ucranianos mortos e se disse pronta para entregar cerca de três mil corpos adicionais.
Retomada dos diálogos entre Rússia e Ucrânia
Rússia e Ucrânia retomaram o diálogo direto na Turquia em 16 de maio, pela primeira vez em mais de três anos. Na primeira reunião, as partes acordaram uma troca massiva de prisioneiros sob a fórmula de 1.000 por 1.000, concluída em três rodadas sucessivas entre os dias 23 e 25 de maio.
Em 2 de junho, os dois países realizaram a segunda rodada de negociações. A Rússia apresentou à Ucrânia um conjunto de condições para um cessar-fogo com vistas a um acordo de paz duradouro, e anunciou disposição para entregar os corpos de seis mil militares ucranianos mortos.
Até 16 de junho, Moscou havia entregue a Kiev 6.060 corpos de soldados ucranianos caídos, e recebeu em troca 78 corpos de soldados russos. Os países também seguem realizando trocas de prisioneiros de guerra.
A Rússia mantém desde 24 de fevereiro de 2022 a operação militar especial na Ucrânia, cujo objetivo é proteger a população de "um genocídio por parte do regime de Kiev" e neutralizar os riscos à segurança nacional representados pelo avanço da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) rumo ao leste.