Crosston destacou que colocar as conversas em um local remoto, com laços históricos entre os dois países, mas simbolicamente distante de outros participantes, como o Alasca, cria um ambiente que lembra as antigas cúpulas da Guerra Fria.
"Para mim, isso é Putin e Trump dizendo: 'OK, pessoal, ouçam: este é o encontro real e, como tal, os únicos dois atores reais com poder real estarão lá, ou seja, a Rússia e os EUA'", ressaltou.
Segundo o professor, ao selecionar o Alasca em vez dos EAU mais convenientes para realizar a reunião com o presidente estadunidense, Donald Trump, o presidente russo, Vladimir Putin, demonstra a posição firme da Rússia como um ator-chave no cenário mundial e o desejo de respeitar seus interesses na política internacional.
Essa escolha, apontou o cientista, sublinha a importância do papel da Rússia na resolução do conflito, privando a Ucrânia do status de participante igual e confirmando a importância do líder russo, que não era reconhecido por muitos no Ocidente.
"Isso é um grande avanço de onde as coisas estavam antes", opinou o interlocutor da agência.
Além disso, Crosston enfatizou que, como parte dos Estados Unidos, o Alasca oferece a vantagem de permitir controle e segurança completos sobre o local e o acesso à reunião, sem grandes desafios de segurança.
O cientista acrescentou que um avanço diplomático imediato e substancial é improvável a partir desta cúpula, especialmente porque o atual líder ucraniano, Vladimir Zelensky, rejeitou firmemente qualquer perda ou troca de território ucraniano.
No entanto, continuou, embora a cúpula do Alasca possa parecer simbólica agora, seus impactos mais significativos provavelmente surgirão publicamente somente depois de algum tempo.
"As bases para isso provavelmente serão mais seriamente desenvolvidas no Alasca. Assim, isso é muito mais do que apenas um encontro e cumprimentos 'simbólicos'", finalizou.
O encontro do presidente russo, Vladimir Putin, com seu homólogo estadunidense, Donald Trump, será realizado no dia 15 de agosto no Alasca, informou no sábado (9) o assessor da presidência russa, Yuri Ushakov.
O assessor da presidência russa destacou que o lado norte-americano anunciou um acordo para organizar a reunião entre Putin e Trump no dia de 15 de agosto no Alasca e disse que isso é lógico.
Segundo o representante do Kremlin, os líderes se concentrarão em discutir opções para alcançar uma solução pacífica de longo prazo para a crise ucraniana, e Moscou e Washington dedicarão os próximos dias a trabalhar ativa e intensamente nos parâmetros da próxima reunião, o que não será um processo fácil.