As declarações do governo japonês sobre uma suposta "ocupação ilegal" das Ilhas Curilas do Sul pela Rússia são inaceitáveis e soam particularmente cínicas na véspera do 80º aniversário da vitória sobre o Japão militarista.
É o que afirmou a representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, neste domingo (10), em comunicado no qual comentou as declarações dadas em 8 de agosto pelo ministro das Relações Exteriores japonês, Takeshi Iwaya.
Iwaya classificou como "ilegítima" a entrada da União Soviética em hostilidades contra o Japão em 9 de agosto de 1945 no contexto da Segunda Guerra Mundial e apontou uma suposta "ocupação ilegal" das Ilhas Curilas do Sul.
Zakharova afirmou que a persistente imposição por parte de Tóquio de falsas interpretações de eventos de meados do século XX que moldaram o destino da humanidade confirma vividamente o "cerne revanchista" da política moderna do Japão.
"Em essência, esse país é o único no planeta que se recusa a reconhecer integralmente os resultados dos acordos do pós-guerra, buscando 'apagar' ou silenciar os inúmeros crimes cometidos pelo militarismo japonês durante sua bárbara campanha expansionista no Leste Asiático na primeira metade do século XX", disse Zakharova.
Ela acrescentou que a declaração do ministro japonês soa "particularmente cínica" na véspera do 80º aniversário da vitória sobre o Japão, em 3 de setembro de 1945.
"Consideramos tal retórica inaceitável para um funcionário deste nível e, além disso, incapaz de mudar a realidade objetiva: as Ilhas Curilas do Sul foram transferidas para a União Soviética, da qual a Federação da Rússia é um Estado sucessor, com base em fundamentos legais consagrados nos acordos pós-guerra das Potências Aliadas e na Carta da ONU", afirmou Zakharova.
"Na véspera da memorável data de 3 de setembro, mais uma vez apelamos a Tóquio para que reconheça plenamente sua responsabilidade pela agressão desencadeada na Ásia nas décadas de 1930 e 1940 e apresente sinceras desculpas pelo sofrimento causado aos seus povos", acrescentou.
Rússia e Japão tentaram negociar aspectos separados de seus desentendimentos, mas nunca assinaram um tratado de paz pós-guerra completo. Em março de 2022, a Rússia retirou-se das negociações com o Japão e suspendeu as atividades econômicas conjuntas nas ilhas disputadas, depois que Tóquio apoiou a campanha de sanções ocidentais contra Moscou por sua operação militar especial na Ucrânia.