Mais cedo, Katz publicou nas redes sociais, em português, que Lula apoia o Hamas e lembrou que foi ele quem o declarou persona non grata em Israel. Com o texto, o ministro publicou juntamente uma imagem de inteligência artificial que coloca o presidente brasileiro como marionete do líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei.
"Espera-se do senhor Katz, em vez de habituais mentiras e agressões, que assuma responsabilidade e apure a verdade sobre o ataque de ontem contra o hospital Nasser, em Gaza, que provocou a morte de, ao menos, 20 palestinos, incluindo pacientes, jornalistas e trabalhadores humanitários", respondeu o Itamaraty.
Além de mentirosas, as falas de Katz foram classificadas como "grosserias inaceitáveis" contra o Brasil e contra Lula pela chancelaria brasileira. O Ministério das Relações Exteriores também cobrou de Katz, como ministro da Defesa, a responsabilidade de impedir o genocídio contra os palestinos.
"As operações militares israelenses em Gaza já resultaram na morte de 62.744 palestinos, dos quais um terço são mulheres e crianças", lembrou o Itamaraty, destacando que Israel se encontra sob investigação da Corte Internacional de Justiça (CIJ) por plausível violação da Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio.
As relações entre Brasil e Israel voltaram a se deteriorar na segunda-feira (25) quando, segundo reportado pelo jornal The Times of Israel, Israel rebaixou seu nível de representação diplomática no país após o Brasil se calar quanto ao agrément do novo embaixador israelense em Brasília, Gali Dagan.
A ausência de um aceite, praxe no mundo diplomático, é entendido como recusa. Diante do impasse, Israel retirou sua indicação e afirmou que não apresentará outro nome, com as relações sendo conduzidas a partir de agora em um patamar inferior.
Celso Amorim, assessor especial da Presidência da República, afirmou ao g1 que o recado foi entendido por Israel.
"Não houve veto. Pediram um agrément e não demos. Não respondemos. Simplesmente não demos. Eles entenderam e desistiram. Eles humilharam nosso embaixador lá, uma humilhação pública. Depois daquilo, o que eles queriam?"
Na ocasião, o então embaixador brasileiro em Tel Aviv, Frederico Meyer, foi convidado por — à época, chanceler — Israel Katz a uma visita ao Museu do Holocausto, onde foi criticado publicamente frente às câmeras por Katz, que declarou também que Lula seria persona non grata no país.