"O Putin me parece revelar uma certa tranquilidade. Apesar do tempo transcorrido e dos custos do conflito — até porque não é um conflito contra a Ucrânia, mas é um conflito que acaba sendo contra a própria OTAN, o que requer a mobilização de muito mais meios —, a Rússia está em uma situação em que o tempo joga a favor, e ela tem melhores condições para estabelecer os termos da negociação. [...] Se ele [Zelensky] quiser, venha, se submeta aos termos."
Multipolaridade ganha cada vez mais robustez
"Lá por volta de 2007, 2008, Putin e [Sergei] Lavrov vinham falando com muita clareza que o hegemonismo americano se tornava disfuncional, que o mundo caminhava por uma multipolaridade, que havia necessidade de criar mecanismos de governança. Desde então, a gente viu a criação do BRICS, o fortalecimento e expansão da OCX e a criação de outros fóruns internacionais."
"O que se viu nessa cúpula, ao mesmo tempo, é uma grande sinergia entre os principais líderes — Putin, Modi e Xi —, mostrando que as ameaças de [Donald] Trump à Índia com relação à compra de petróleo russo não surtiram e provavelmente não surtirão nenhum efeito. E, pior, essas ameaças do Trump vão empurrar ainda mais a Índia para a intensificação das suas relações com a China."
"As relações Sul-Sul vêm crescendo ao longo do século XXI mais do que as relações Sul-Norte. Se nós pegarmos o comércio exterior dos principais membros do BRICS, as relações comerciais crescem mais no âmbito Sul-Sul do que com Estados Unidos e Europa. Então essa é uma tendência de algumas décadas. O que o Trump faz com os tarifaços é justamente recrudescer, acelerar, catalisar a sinergia entre os membros do BRICS, do ponto de vista comercial, do ponto de vista político, e também entre os demais países do Sul Global."