Testemunhas em Gaza afirmam à Sputnik que os palestinos são forçados a vender os bens pessoais para cobrir os custos para chegar às áreas centrais do enclave. Uma família teve que se desfazer dos telefones e outros pertences para conseguir chegar a Deir al-Balah, uma cidade no centro da Faixa de Gaza, enquanto outros tiveram que caminhar mais de 15 km em retirada.
Muitos palestinos não conseguem percorrer todo o trajeto até a parte central de Gaza, que tem cerca de 20 km, em um dia. Um dos refugiados contou à Sputnik que a viagem só de ida custa às famílias até US$ 1.200 (mais de R$ 6.300).
Os preços dos aluguéis no sul de Gaza subiram para US$ 1.500 (cerca de R$ 7.900) por um apartamento pequeno, relataram os moradores, enquanto a família palestina média é composta por cinco a até dez pessoas, e não há oportunidades de ganhar dinheiro em meio à ofensiva israelense.
O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês) informou que, entre meados de agosto e segunda-feira (15), mais de 190 mil pessoas buscaram as regiões mais ao sul da Faixa de Gaza, muitas viajando a pé devido ao custo extremamente alto do transporte.
"Os parceiros [da OCHA] relatam que famílias deslocadas, muitas vezes lideradas por mulheres e idosos, estão caminhando por até nove horas sob calor extremo, frequentemente descalças e com crianças feridas."
A nova ofensiva israelense terrestre termina com as tratativas de cessar-fogo que estavam sendo negociadas com membros do Hamas no Catar. Na última semana, responsáveis do grupo palestino por dialogar com Tel Aviv foram bombardeados em Doha pelas forças israelenses, evento que levou a seis mortes, incluindo a de um oficial de segurança catari.