Em um discurso marcado por referências éticas e políticas, Alckmin posicionou o Brasil como protagonista na agenda global contra as mudanças climáticas.
"Tudo está interligado. Por isso, exige-se uma preocupação pelo meio ambiente, unida ao amor sincero pelos seres humanos e a um compromisso constante com os problemas da sociedade", disse Alckmin, citando a encíclica "Laudato si'", do papa Francisco, para defender uma ação ambiental que vá além do discurso.
Com a responsabilidade de liderar a COP30, o Brasil propôs três objetivos centrais, que, segundo Alckmin, orientarão os debates em Belém. "Primeiro, reforçar o multilateralismo e o regime de mudança do clima no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima [UNFCCC, na sigla em inglês]; segundo, conectar o regime climático à vida real das pessoas; e, terceiro, acelerar a implementação do Acordo de Paris por meio do estímulo a ações e ajustes estruturais."
O presidente em exercício defendeu que as chamadas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês) são a principal ferramenta para medir o comprometimento real dos países com o Acordo de Paris e com a meta de limitar o aquecimento global a 1,5 °C.
Alckmin destacou a nova NDC apresentada pelo Brasil na COP29, em Baku, que prevê uma redução de 59% a 67% nas emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2035, em relação aos níveis de 2005 — isso equivale a deixar de lançar entre 850 milhões de toneladas e 1,05 bilhão de toneladas de dióxido de carbono (CO₂) na atmosfera. "Trata-se de um plano ousado, mas realista, de corte de emissões, que prevê o crescimento econômico aliado à transição energética e à proteção das florestas", afirmou.
Um dos pontos centrais da estratégia climática brasileira continua sendo o combate ao desmatamento. "Nesses últimos dois anos e meio, nós tivemos uma queda de quase 50% no desmatamento da Amazônia, e a meta é desmatamento ilegal zero até 2030", disse Alckmin, mencionando também iniciativas de recomposição florestal com apoio do Fundo do Clima.
Com mais de 80% de sua matriz elétrica proveniente de fontes renováveis, o Brasil, segundo Alckmin, já demonstra na prática que a transição energética é possível e economicamente viável.
"Somos o exemplo de que a transição energética é factível e rentável. Estamos comprometidos e esperamos o comprometimento da comunidade internacional", sinalizou.
Dentre os marcos recentes, o vice-presidente destacou o Programa Mover (Mobilidade Verde) e a recém-sancionada Lei do Combustível do Futuro, que estabelece metas de descarbonização a diversos setores, incluindo a aviação. A partir de 2027, por exemplo, será obrigatório o uso de 1% de combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês), chegando a 10% até 2037.
Alckmin também mencionou o aumento da mistura de biocombustíveis, como a elevação do teor de etanol na gasolina para 30% e a do teor de biodiesel no diesel para 15%.
"O Combustível do Futuro é, portanto, mais que uma lei: é um novo paradigma de política energética e industrial", declarou.