Brasil e Indonésia reforçam laços estratégicos com foco em comércio, clima e governança global

Durante encontro com o presidente indonésio Prabowo Subianto, em Jacarta, os dois líderes celebraram a consolidação da Parceria Estratégica lançada em 2008 e assinaram acordos em áreas como estatística, agricultura, energia, ciência e tecnologia.

"É uma honra retribuir a visita de Estado do presidente Subianto. Somos grandes democracias, sociedades vibrantes e economias em expansão", afirmou o presidente brasileiro.

O comércio bilateral entre os dois países mais que triplicou nas últimas duas décadas, saltando de US$ 2 bilhões (cerca de R$ 10,8 bilhões) para US$ 6,5 bilhões (mais de R$ 35,1 bilhões). Em 2024, a Indonésia foi o quinto maior destino das exportações do agronegócio brasileiro. Ainda assim, os dois líderes reconhecem que há espaço para ampliar o intercâmbio, especialmente em setores de maior valor agregado, como o de defesa.

Na área energética, os países discutiram a gestão soberana de minerais críticos e firmaram um memorando para aprofundar a cooperação em mineração. Também foi firmado um acordo sanitário e fitossanitário que permitirá a ampliação das exportações brasileiras.

"No atual cenário de acirramento do protecionismo, nossos países têm plenas condições de mostrar ao mundo a capacidade de defender interesses econômicos com diálogo e respeito mútuo", declarou Lula.

Panorama internacional

Lula é recebido pelo presidente da Indonésia no palácio Merdeka, em Jacarta, para reunião bilateral

23 de outubro, 00:49

Outro destaque da visita foi o compromisso conjunto com a transição energética e o combate à crise climática. Brasil e Indonésia, que concentram vastas áreas de florestas tropicais e são grandes produtores de biocombustíveis, reafirmaram o objetivo de promover uma economia de baixo carbono com geração de empregos e redução das desigualdades. A Indonésia também manifestou apoio à COP30 e ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês).

No plano geopolítico, os dois países reiteraram a defesa da solução de Dois Estados para o conflito no Oriente Médio e a necessidade de uma reforma integral do Conselho de Segurança da ONU (CSNU). Ambos também apoiam o fortalecimento do BRICS como plataforma de articulação do Sul Global e o ingresso da Indonésia no Novo Banco de Desenvolvimento (NBD).

A visita será sucedida por um novo encontro entre os presidentes durante a Cúpula da ASEAN, na Malásia. Para o Brasil, a intensificação do diálogo com o Sudeste Asiático representa uma aposta estratégica em uma região dinâmica, com grande potencial de cooperação econômica, ambiental e diplomática.

Em declaração à imprensa no Palácio Merdeka, Lula defendeu a ênfase no multilateralismo e na ampliação de parcerias comerciais, científicas e culturais entre os países, destacando a possibilidade de transações sem o uso do dólar.

"O século XXI exige que tenhamos coragem que não tivemos no século XX. E exige que a gente mude alguma forma de agirmos comercialmente, para não ficarmos dependentes de ninguém. Nós queremos multilateralismo e não unilateralismo. Nós queremos democracia comercial e não protecionismo. [...] Tanto a Indonésia quanto o Brasil têm interesse em discutir a possibilidade de comercialização entre nós dois ser com as nossas moedas."

A Ásia tem ocupado papel central na agenda internacional do Brasil em 2025. Após visitas ao Japão, Vietnã e China no primeiro semestre, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva iniciou uma nova missão diplomática pela Indonésia e Malásia, que culminará com sua participação na Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). A viagem reforça o interesse estratégico do Brasil no Sudeste Asiático, região que já figura como o quinto maior parceiro comercial do país.

Eleições

O presidente brasileiro aproveitou a ocasião para tratar também de um assunto político interno, as eleições de 2026. Lula confirmou que será candidato a um novo mandato.

"Eu vou disputar um quarto mandato no Brasil. Então, estou lhe dizendo que ainda vamos nos encontrar muitas vezes. [...] estou preparado para disputar outras eleições."

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