"Não é que a China tenha a intenção de escalar essa disputa comercial, mas, por outro lado, ela não vai ficar passiva diante das sucessivas ameaças que os EUA têm feito. […] À medida que os EUA adotam políticas visando bloquear o acesso da China à tecnologia, a mercados externos, impor uma hegemonia unilateral, a China tem procurado responder à altura."
"[Os EUA têm o] Objetivo de isolar a China economicamente no mundo, dificultando as suas relações de comércio, dificultando o acesso da China a produtos de tecnologia mais avançada, e politicamente também, tentando caracterizar a China como uma ditadura, como um país que não respeita os direitos humanos."
"A China vem reorganizando as estruturas internacionais, as cadeias globais de valor, e fazendo com que elas sejam cada vez mais voltadas, inclusive, para o próprio Oriente, para a Ásia. Ela apresenta queda na taxa de crescimento, mas é uma queda na taxa de crescimento que, ainda assim, é um crescimento muito avantajado."
"Os EUA visualizaram que eles estão perdendo a fronteira inovativa, tecnológica, em vários segmentos, seja na inteligência artificial, seja na Internet das coisas, seja na computação quântica."
Até onde essa escalada pode chegar?
"Enquanto essas relações comerciais vão se rompendo, é evidente que isso abre espaço para que outros tipos de conflito apareçam, sobretudo dentro dessa lógica que os EUA tentam impor hoje, no sentido de desconsiderar essa questão da multipolaridade, que tem sido uma característica importante das relações internacionais nos últimos anos."
"Cabe aos governos da América Latina ter uma visão geoestratégica de que a região poderia aproveitar essa competição sino-americana, tanto no âmbito regional quanto em âmbito global, e capitalizar e fortalecer laços pragmáticos com ambas as partes ou com aquela que lhe pareça melhor."