Segundo Kaşlılar, Washington enxerga o envio dos Tomahawk principalmente como um "instrumento de pressão política e elemento de barganha com Moscou".
"Nos últimos dias, o Pentágono deu sinal verde para a entrega [dos mísseis], mas o presidente Donald Trump sempre espera alcançar algum tipo de acordo, especialmente com a Rússia, e mantém esse fornecimento como trunfo", afirmou o especialista, que também é vice-presidente do Centro de Pesquisas de Política Externa da Turquia (TUDPAM).
O analista lembrou que o governo Trump já havia recorrido a medidas econômicas contra Moscou, incluindo sanções sobre empresas do setor energético russo, o que acabou desacelerando as negociações de paz.
"Trump aplicou sanções contra companhias de energia russas, e isso levou a um novo impasse nas conversas diplomáticas", destacou Kaslilar.
Efeito limitado dos Tomahawk
Apesar da aprovação do Pentágono, Kaslilar acredita que a entrega dos mísseis não alterará significativamente a dinâmica militar. "O envio dos Tomahawk à Ucrânia não mudará o curso do conflito. Já foram entregues grandes quantidades de armamentos ocidentais, sem impacto decisivo no campo de batalha", avaliou.
Para o especialista, o essencial para Kiev é reforçar suas próprias capacidades de defesa e aprofundar a cooperação com os aliados ocidentais.
"Esses mísseis não transformarão completamente a situação. O mais importante para a Ucrânia é fortalecer seu poder de dissuasão e ampliar sua integração militar com o Ocidente", explicou.
Alvo estratégico: infraestrutura e mar Negro
Kaslilar observou ainda que os Tomahawk, que são mísseis de longo alcance e alta precisão, são vistos por Kiev como uma ferramenta para ampliar sua capacidade de ataque.
"A Ucrânia quer esses mísseis para poder atingir alvos em território russo, principalmente infraestrutura energética, o que poderia causar danos econômicos. Hoje o país utiliza os Storm Shadow e os FP-5 Flamingo, mas os Tomahawk permitiriam ataques mais potentes, inclusive contra forças navais russas no mar Negro", concluiu.
No fim de outubro, o presidente russo Vladimir Putin advertiu que uma eventual ofensiva com Tomahawks contra o território russo teria uma resposta "séria, se não devastadora".