Panorama internacional

'Um dia triste': Rússia explica abstenção em votação de Conselho de Segurança da ONU sobre Gaza

O embaixador russo na ONU, Vasily Nebenzya, explicou o motivo pelo qual a Rússia se absteve da votação que aprovou a resolução dos Estados Unidos no Conselho de Segurança da ONU (CSNU) sobre a Faixa de Gaza. "Lembra práticas coloniais", definiu.
Sputnik
Nesta segunda-feira (17), o Conselho de Segurança da ONU aprovou por 13 votos e 2 abstenções, da Rússia e da China, a criação de uma Força Internacional de Estabilização e de um Conselho da Paz, para gerir a Faixa de Gaza durante a transição de governo.
Segundo o embaixador russo Vasily Nebenzya, há dúvidas quanto a suposta colaboração da Força Internacional de Estabilização com a Autoridade Palestina, uma vez que a falta de detalhes da resolução permitiria à força internacional agir sem consultar Ramallah.
"Isso pode consolidar a separação da Faixa de Gaza da Cisjordânia. Lembra as práticas coloniais e o Mandato Britânico da Liga das Nações para a Palestina, quando a opinião dos próprios palestinos não era levada em consideração."
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Ele também expressou preocupação com as dúvidas que persistem sobre o mandato da força sob o plano de Trump, incluindo se suas “tarefas de imposição da paz” poderiam “de fato transformá-la em parte do conflito, indo além dos limites da manutenção da paz”
Ainda há o perigo que o documento pode servir de "pretexto para experimentos desenfreados conduzidos pelos EUA em Israel, no território palestino ocupado."

China também demonstra preocupação

A China também se absteve na votação. Para o embaixador chinês, Fu Cong, a resolução não demonstra o principio fundamental de "palestinos governando a Palestina". "Gaza pertence aos palestinos e a mais ninguém."
Para o embaixador chinês, assim como a Nebenzya, faltam detalhes sobre a Força Internacional de Estabilização e o Conselho da Paz, órgão de transição governamental.

"Deveria haver explicações sobre suas estruturas, composição, termos de referência e critérios de preparação."

A resolução autoriza o Conselho de Paz, que será liderado por Trump, "a assumir total responsabilidade pelos arranjos civis e de segurança em Gaza, mas não estipula nenhum mecanismo de supervisão ou revisão além dos relatórios anuais por escrito".
Tanto a Força Internacional de Estabilização quando o Conselho de Paz fazem parte de um plano de 20 etapas elaborado pela Casa Branca para encerrar o conflito na Faixa de Gaza. A ideia da proposta de Trump é garantir a segurança das fronteiras de Gaza, proteger civis, fornecer ajuda humanitária, treinar uma força policial palestina reconstituída e supervisionar o desarmamento do Hamas e de outros grupos armados.
No entanto, ao correr com sede ao pote, o governo norte-americano desconsidera os elementos jurídicos internacionais, ressaltaram os embaixadores. O CSNU tem como função promover resoluções baseadas no direito internacional, não de endossar um plano criado por um determinado país.

"Não há motivos para comemorar: hoje é um dia triste para o Conselho. Além dos desejos das partes interessadas, existe também o conceito de integridade do Conselho de Segurança. E hoje, com a adoção desta resolução, essa integridade e a prerrogativa do Conselho foram violadas", definiu Nebenzya.

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