"Existe uma fila muito grande de países candidatos a entrar no BRICS. Ao mesmo tempo, o governo dos Estados Unidos já demonstrou diversas vezes que não vê com bons olhos interferências na balança de poder econômica do Ocidente, já que conhece os riscos. Ter seus principais parceiros no Oriente fazendo parte do BRICS não é algo satisfatório para Washington", explica.
"China e Arábia Saudita também promoveram visitas recentes: o príncipe esteve em Pequim, e Xi Jinping [presidente da China] visitou Riad. O interesse econômico é uma coisa, o interesse de defesa é outra. O país mantém boas relações com essas duas potências, o que é necessário para qualquer nação que queira se consolidar como potência média. Além disso, mantém relação próxima com a Rússia, já que ambos são os maiores produtores de petróleo", destaca.
Arábia Saudita e a 'dupla diplomacia'
"Ao mesmo tempo em que negocia com China e Rússia, a Arábia Saudita acena aos Estados Unidos, [dizendo que] está tudo bem na relação bilateral. Eles sabem lidar com os norte-americanos, e Washington entende essa mensagem — não faz sentido criar um embaraço diplomático ou econômico, porque todos perderiam", justifica.
Presença no BRICS faz parte da 'modernização'?
"Inclusive, em uma dessas reformas, houve uma campanha anticorrupção que prendeu vários membros da família real […]. Além disso, uma das maiores preocupações do príncipe é criar uma imagem do Islã mais moderado, já que há um temor de que o fundamentalismo religioso que existe no Oriente Médio encontre uma brecha na população saudita, principalmente entre os jovens", comenta, ao lembrar ainda que a Arábia Saudita é para o mundo islâmico o que o Vaticano é para os cristãos católicos, já que abriga Meca, terra sagrada onde nasceu Maomé.