Segundo os arqueólogos, os achados mostram que, mesmo distante da monumentalidade de Gobekli Tepe ou Karahan Tepe, Sefertepe possuía uma tradição artística própria e profundamente sofisticada.
"O conjunto de contas de Sefertepe demonstra claramente que este não era um assentamento isolado. As pessoas aqui estavam conectadas e expressavam essas conexões nos materiais que escolhiam", afirmou o diretor das escavações, Emre Guldogan.
A primeira descoberta marcante foi um pequeno bloco de pedra com dois rostos humanos esculpidos lado a lado, um em alto-relevo e outro em forma mais suave e quase espectral. Para a equipe, o contraste não é acidental e pode indicar identidades distintas ou estados simbólicos diferentes.
Paralelamente, os arqueólogos encontraram uma conta de basalto com dois rostos minúsculos, uma peça de artesanato raríssima no Neolítico. A conta, provavelmente usada como adorno ou amuleto, evidencia o domínio técnico de microescultura no local.
A segunda grande revelação veio de uma câmara onde 22 crânios humanos, muitos sem mandíbula, foram cuidadosamente depositados, sem qualquer outro osso associado. A chamada "sala dos crânios" sugere rituais complexos ligados à memória e ao tratamento seletivo dos mortos.
A poucos metros dali, porém, sete indivíduos foram enterrados com esqueletos completos, apontando para práticas funerárias paralelas e simbologias distintas dentro do mesmo assentamento.
Para os pesquisadores, a combinação entre arte em miniatura, esculturas experimentais e rituais mortuários dualistas mostra que Sefertepe desempenhou um papel singular no mosaico cultural da região de Tas Tepeler. As descobertas, afirmam, revelam uma sociedade em que o simbolismo operava tanto em larga escala quanto no campo íntimo dos objetos pessoais.