Em São Paulo, cidade mais populosa do país, a mobilização ocupou a avenida Paulista, em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp). O protesto foi convocado pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo.
Com faixas, cartazes e palavras de ordem, os participantes defenderam a manutenção das punições e afirmaram que qualquer iniciativa de redução de penas representa um retrocesso institucional.
Mensagens como "sem anistia" foram vistas de forma recorrente. Um carro de som foi montado no local e serviu de apoio para discursos de lideranças políticas, representantes de movimentos sociais e parlamentares.
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, defendeu a responsabilização dos envolvidos nos ataques às sedes dos Três Poderes e disse que representa uma forma de punição à ditadura militar. A manifestação foi pacífica e contou com acompanhamento da Polícia Militar.
No Rio de Janeiro (RJ), a orla de Copacabana foi palco da manifestação, com direito a shows de música com celebridades como Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Paulinho da Viola, Emicida, Lenine, Duda Beat, Xamã e Baco Exu do Blues. Em Brasília, a marcha foi feita na Esplanada dos Ministérios.
O texto do projeto foi aprovado pela Câmara dos Deputados no dia 10 deste mês, em votação feita durante a madrugada, que gerou forte controvérsia na opinião pública.
O PL está no Senado, onde será analisando pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) na quarta-feira (17), sob relatoria do senador Esperidião Amin (PP-SC), antes de ir ao plenário.
Se o projeto for aprovado, o ex-presidente Jair Bolsonaro, que foi condenado a 27 anos e três meses de prisão por liderar uma tentativa de golpe de Estado terá pena reduzida para cerca de 2 anos e meio, Segundo cálculos do relator da proposta na Câmara, Paulinho da Força (Solidariedade-SP).
Em entrevista recente à Sputnik Brasil, o líder do PL, o senador Carlos Portinho, celebrou a aprovação do texto na Câmara, mas afirmou que o objetivo do partido é uma anistia ampla, geral e irrestrita.
"A dosimetria é só o início. Nosso objetivo é anistia e vamos lutar por isso."
Já a senadora Teresa Leitão (PT-PE) criticou a forma como a matéria foi aprovada no plenário da Câmara e disse esperar que o Senado tenha "bom senso" e cumpra o seu papel de "casa revisora".
"Que [o Senado] tenha calma, tenha uma condição política de fazer com que esse processo se desenvolva obedecendo a técnica legislativa, obedecendo o mérito do que foi e o significado dessa condenação", afirmou à Sputnik Brasil.