"Equipes que atuam na desintrusão da Terra Indígena Apyterewa, no estado do Pará, foram alvo de um ataque durante o cumprimento de decisão judicial do Supremo Tribunal Federal, no âmbito da ADPF nº 709 [Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental]", disse o Ibama, em nota. "Um colaborador que prestava apoio às equipes dos órgãos públicos foi emboscado e atingido por disparos de arma de fogo."
A nota também afirma que ele recebeu os primeiros socorros no local e foi removido de helicóptero até o hospital do município de São Félix do Xingu, mas não resistiu aos ferimentos e veio a óbito.
A determinação do STF impõe a retirada de invasores e a apreensão de gado mantido ilegalmente no interior do território tradicional a fim de garantir a posse e o direito de uso exclusivo de territórios aos povos originários.
As ações ocorrem de forma integrada, com a participação do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Ibama, Força Nacional de Segurança Pública, Polícia Civil, Polícia Militar e Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará).
Na terra Apyterewa, que está no topo da lista de desmatamento no país, vivem cerca de 1,6 mil famílias ilegalmente, segundo o governo, algumas envolvidas em atividades ilegais como criação de gado e garimpo.
As demarcações das terras, com 773 mil hectares de extensão, foram homologadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2007.
A ação de desintrusão foi movida em 2020 pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), com o objetivo de garantir a retirada de invasores de oito territórios indígenas em todo o país. Os Parakanã buscam expandir a área de ocupação tradicional, em um processo contínuo de reocupação e fortalecimento territorial.
A operação começou em 2023 e os índices de desmatamento e a área foi restituída ao usufruto exclusivo do povo Parakanã.
De acordo com dados do Centro de Monitoramento Remoto (CMR), da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), o desmatamento na Terra Indígena Apyterewa caiu 97% no primeiro semestre de 2024, em comparação com o mesmo período de 2023.
Entre 1º de janeiro e 30 de junho de 2023, foram desmatados aproximadamente 357 hectares. No mesmo intervalo de tempo, em 2024, a área desmatada correspondeu a cerca de 11 hectares.