A publicação ressalta que o aumento ocorre em meio à deterioração das relações com a China e à pressão dos Estados Unidos para que Tóquio amplie sua contribuição à segurança regional.
"O projeto de orçamento para o ano fiscal de 2026, que começa em abril, representa um aumento de 9,4% em relação a 2025, marcando o quarto ano do programa quinquenal em curso no Japão, cujo objetivo é dobrar os gastos anuais com armamento até atingir 2% do produto interno bruto", destaca o artigo.
Segundo a reportagem, o Japão planeja investir US$ 640 milhões (R$ 3,53 bilhões) no desenvolvimento de um sistema chamado "Escudo", composto por drones aéreos, de superfície e subaquáticos não tripulados, destinados à vigilância e à defesa costeira. A implementação do sistema está prevista para março de 2028.
Com isso, o orçamento total do governo japonês para 2026 atingirá US$ 785 bilhões (R$ 4,34 trilhões).
O governo pretende financiar o crescimento dos gastos militares com o aumento de impostos sobre empresas e sobre o tabaco, além de um plano recentemente aprovado para elevar a alíquota do imposto de renda a partir de 2027.
A AP observa que o reforço no orçamento de defesa está ligado à percepção de uma suposta "ameaça" crescente por parte da China e da Coreia do Norte, bem como às exigências do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, para que aliados aumentem seus investimentos em segurança.
A escalada ocorre após declarações feitas em novembro pela primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, de que as Forças de Autodefesa do Japão poderiam intervir caso a China adotasse medidas militares contra Taiwan.
Antes disso, Takaichi manteve uma conversa telefônica com o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte, Mark Rutte, na qual ambas as partes concordaram em fortalecer a parceria e elevar a cooperação a um novo patamar.
Um escândalo diplomático entre Tóquio e Pequim já havia eclodido após Takaichi afirmar, no Parlamento japonês, que uma intervenção chinesa envolvendo o uso da força contra Taiwan poderia ser considerada uma "situação de ameaça à sobrevivência" do Japão, declaração que provocou forte reação de Pequim.
Por sua vez, o chanceler chinês, Wang Yi, acusou a atual liderança japonesa de tentar usar Taiwan como pretexto para alimentar tensões e ameaçar a China com o uso da força.