Imperialismo Sexual: estupros cometidos por soldados dos EUA na Colômbia serão julgados

© AP Photo / Ricardo MazalanO Exército dos EUA disse que vai investigar as acusações recentemente publicadas a respeito dos estupros cometidos em meados dos anos 2000 por seus soldados e contratantes na Colômbia
O Exército dos EUA disse que vai investigar as acusações recentemente publicadas a respeito dos estupros cometidos em meados dos anos 2000 por seus soldados e contratantes na Colômbia - Sputnik Brasil
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O Exército dos Estados Unidos disse que vai investigar as acusações recentemente publicadas a respeito dos estupros cometidos em meados dos anos 2000 por seus soldados e contratantes na Colômbia.

Em um relatório de 800 páginas sobre a atuação dos grupos armados no país latino-americano, uma seção intitulada "Imperialismo Sexual" descreve o estupro de 53 meninas nas cidades de Melgar e Girardot – crimes que ainda foram filmados e vendidos como pornografia. Outro caso bem conhecido na Colômbia, o de uma garota de 12 anos estuprada por dois norte-americanos em 2007, também foi incluído no documento. Os dois homens foram retirados do país e nunca foram indiciados.

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"Existe informação abundante sobre violência sexual com total impunidade, graças a acordos bilaterais e à imunidade diplomática para autoridades dos EUA", diz o relatório, referindo-se aos Acordos de Situação de Forças (SOFA, na sigla em inglês), que dão aos militares e contratantes norte-americanos “em serviço” imunidade judicial sobre crimes cometidos em territórios estrangeiros.

"Agentes especiais do Comando de Investigação Penal do Exército dos EUA estão atualmente se coordenando com as autoridades colombianas e darão início a uma investigação sobre todas as alegações verossímeis de violência sexual ou atos criminosos cometidos por soldados norte-americanos, enquanto [eles estavam] nesse país", declarou Chris Grey, porta-voz do departamento investigativo militar norte-americano, em entrevista ao jornal USA Today. "Levamos esta questão muito a sério e vamos perseguir agressivamente todas as alegações credíveis", disse ele.

O relatório foi divulgado em fevereiro pela “Comissão Histórica da Colômbia sobre o Conflito e suas Vítimas”, grupo formado em agosto de 2014 em meio aos diálogos de paz entre o governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). Com 12 especialistas e dois relatores, a comissão analisou 50 anos do conflito, cujo número de vítimas é estimado em 200 mil pessoas, com o objetivo de oferecer uma visão multilateral, plural e neutra sobre a violência armada no país. 

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Militar e financeiramente, os EUA sempre apoiaram o governo colombiano em sua luta contra as FARC, apesar das frequentes acusações de abusos dos direitos humanos por parte das forças estatais. Além das denúncias de agressão sexual, os norte-americanos também têm sido acusados de apoiar efetivamente os esquadrões da morte organizados pelos militares colombianos.

De acordo com a Anistia Internacional, o Departamento de Estado dos EUA continuou a aprovar o envio de ajuda para Bogotá, "apesar da evidência esmagadora da falha contínua em proteger os direitos humanos” no país. Segundo a ONG, Washington continuou jogando “lenha na fogueira das violações já generalizadas dos direitos humanos, do conluio com grupos paramilitares ilegais e da quase total impunidade".

Sobre o tema da violência sexual, o relatório da Comissão colombiana também observa que tais abusos são "semelhantes aos efeitos produzidos em cada lugar onde militares dos Estados Unidos podem ser encontrados, como as Filipinas, o Japão e a Coreia do Sul".

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