Cohen chama a atenção às manchetes na mídia norte-americana após a reunião entre o primeiro-ministro grego Alexis Tsipras e o presidente russo, Vladimir Putin, em Moscou. O jornal The New York Times, que, na opinião do professor, representa a posição da elite americana, publicou a manchete "Acenando com notas, Vladimir Putin está a dividir a UE, tentando alcançar o levantamento das sanções."
“NYT lançou hoje três materiais (três!) sobre as negociações entre a Grécia e a Rússia, depois foi o editorial, no qual avisou Atenas para ser cuidado com a Rússia e não aceitar qualquer tipo de ajuda financeira de Moscou. […] O leitor não pode deixar de levantar uma questão lógica: como pode a Rússia ter dinheiro se, de acordo com a mesma mídia, a sua economia está ‘em frangalhos’ e as sanções ocidentais têm tido grande sucesso? O NYT se contradiz”, opina Stephen Cohen.
A Grécia e o Chipre têm laços culturais muito estreitos com a Rússia, disse ele, mas o principal motivo da reunião de chefes de Estado é a economia — os países da Europa do Sul estão em crise e precisam de ajuda. Sem a cooperação com a Rússia, o bem-estar da economia europeia e impossível, diz Cohen.
E, segundo ele, uma das razões para a crise foram as sanções ocidentais autodestrutivas contra a Rússia.
Segundo o especialista, é exatamente este o problema que deve preocupar a elite americana muito mais do que as conclusões especulativas sobre o "cenário" de Moscou para dividir a União Europeia.