As avaliações das vítimas mortais de tráfico ao largo da costa da Itália e Líbia parecem subestimadas: cerca de 2.000 pessoas desde o início do ano, e de 3.500 a 4.000 no ano passado.
Para resolver o problema dos refugiados na região, a União Europeia reduziu o financiamento em mais de 70%. Segundo o jornal Forbes, em 2015 a UE atribui mensalmente €3 milhões, o que é três vezes menos do que no ano passado. A justificação de tal corte drástico foi a ideia de que a migração se tornará mais perigosa para os próprios refugiados, e eles serão menos dispostos a arriscar suas vidas.
Agora que a tragédia aconteceu e levou as vidas de quase mil pessoas, a União Europeia tem que realizar medidas concretas. A alta representante para Relações Exteriores da União Europeia, Federica Mogherini, declarou sobre a decisão de incluir a questão de imigração na agenda formal da reunião dos chanceleres da União Europeia, que deverá acontecer na segunda-feira (20) em Luxemburgo.
Agora a União Europeia está a pensar em enviar navios de guerra para a costa da Líbia para combater os contrabandistas de petróleo e armas, mas há temores de que tal poderá incentivar mais imigrantes a irem para o mar na esperança de conseguir ser resgatado e levado para a Europa, de acordo com um documento da UE visto pela agência noticiosa Reuters.
Francamente, a UE teme que após eles salvarem mais vidas, as quadrilhas de tráfico poderão enviar mais pessoas para o mar em embarcações sem segurança, diz-se no documento elaborado antes de afogamento em massa de domingo (19), que alertou para o perigo de muito mais migrantes se dirigirem para a Europa.
Um porta-voz da Comissão Europeia não quis comentar. Diplomatas da União Europeia disseram que tal missão era improvável no futuro próximo.
A Líbia está passando por uma aguda crise política devido à incapacidade das autoridades de restaurar a ordem no país.
Ao mesmo tempo mais um naufrágio aconteceu nesta segunda-feira, levando as vidas de pelo menos 20 pessoas.
Dois anos após a revolução de 17 de fevereiro e o término da guerra civil que levou à derrubada e ao assassinato de Muammar Kadhafi, no país continuam a operar combatentes de tropas irregulares, incluindo radicais islâmicos, que não obedecem ao poder central e estabelecem suas próprias leis nos territórios sob seu controle.
Não abordando a questão do envolvimento dos EUA na morte do líder da Líbia, podemos constatar que os líderes ocidentais congratularam-se com a sua morte. O presidente norte-americano, Barack Obama, disse que a morte marcava o fim de um capítulo longo e doloroso para a Líbia, que agora teria a oportunidade de determinar seu próprio destino.
O então presidente da União Europeia, Herman Van Rompuy, declarou que a morte de Kadhafi marcava o fim de uma era do despotismo.
Uma vez que, através dos esforços da Europa e os Estados Unidos, vários Estados da África passaram por crises políticas, sociais e econômicas, os criminosos começaram a traficar cidadãos africanos para a Europa. O ano passado marcou um recorde triste: 170 mil imigrantes atingiram a Itália e, no total, cerca de 250 mil conseguiram chegar à União Europeia.