Em uma entrevista, o presidente Poroshenko compartilhou a sua intenção de convocar um referéndum nacional para definir a vertente futura da sua política externa.
"Eu quero organizar um referéndum para que o povo decida [sobre a eventual adesão à OTAN]", disse Poroshenko. Segundo ele, esta decisão é "fundamental" e vital para a Ucrânia.
No entanto, o país não cumpre uma série de pré-requisitos necessários para a adesão. Isto tem sido afirmado várias vezes por altos funcionários dos países membros da OTAN.
Conforme Stoltenberg, a Ucrânia carece de reformas importantes antes de pedir adesão. Estas reformas incluem melhor organização da defesa do país, combate à corrupção e melhoramento do aparelho estatal. E mesmo quando as reformas forem realizadas, a formalização do pedido oficial levará algum tempo.
O presidente da França, que é também membro da OTAN, François Hollande, também descartou a aceitação da Ucrânia pela aliança. "Para a França, a filiação da Ucrânia na OTAN será indesejável", frisou o presidente francês, que integra o "quarteto de Normandia", em 5 de fevereiro, duas semanas antes da assinatura dos Acordos de Minsk.
E o mais importante: a probabilidade de a Ucrânia ser aceitada à OTAN é muito pequena do ponto de vista formal. Diz a explicação da estratégia de ampliação da aliança (Estudo sobre a Ampliação da OTAN), publicada no seu site oficial:
"Estados que tenham disputas étnicas ou disputas territoriais externas, inclusive reivindicações irredentistas, ou disputas internas, devem regular estas disputas por meios pacíficos, de acordo com os princípios da OSCE. A resolução de tais disputas será o fator decisivo na determinação sobre a emissão ou não do convite de juntar a aliança".
E a Ucrânia, evidentemente, tem um conflito vigente, ou até uma guerra civil, segundo alguns observadores, apesar de a Ucrânia chamar isso de "operação antiterrorista". Tem até territórios no sudeste do país que não se reconhecem completamente como Ucrânia.
De modo que a proposta de referéndum é uma clara ilusão que o presidente ucraniano pretende criar para aquela parte dos seus habitantes que é partidária da visão pró-europeia e pró-OTAN para distrair a sua atenção de assuntos que importam de verdade, como o crescimento dos preços, inflação, situação instável da moeda nacional e assassinatos politicamente motivados.