Comentando as declarações de Vladimir Putin, que caracterizou os acontecimentos de 1915 no Império Otomano como “genocídio”, Erdogan, respondendo à pergunta sobre a possível retirada do embaixador turco de Moscou, disse que “não é a primeira vez que a Rússia utiliza esse termo. Com certeza eu pessoalmente estou desolado e ofendido com este passo de Putin. Também disse a ele pessoalmente. É obvio o que acontece na Ucrânia. A Crimeia, Lugansk, Donetsk – tudo isso é óbvio, eles que respondam por isso. A Turquia nunca cometeu um genocídio”.
“Podemos dizer tranquilamente aqui que concordamos com o senhor Putin que todos têm de respeitar os Acordos de Minsk, estes oferecem uma concepção importante para a solução da crise ucraniana com base no direito internacional e para a criação de uma paz sólida. Vemos esforços na busca de soluções de questões regionais e internacionais. Relações baseadas na confiança mútua entre a Rússia e a Turquia e a cooperação em desenvolvimento contribuirão para o fortalecimento de paz e estabilidade na região”, sublinhou o líder turco.
A Sputnik Türkiye conseguiu falar com Togrul Ismayil, cientista político turco e professor de Relações Internacionais na Universidade de Economia e Tecnologias em Ancara, que em primeiro lugar frisou a importância para a Turquia de ter boas relações com a Rússia:
O especialista tentou ainda explicar a reação tão negativa do presidente turco:
“Putin, apesar de Erdogan lhe ter ligado pessoalmente e dito que a sua presença nas comemorações em Yerevan seria indesejável, participou dos eventos. Foi exatamente por esta razão que as declarações de Putin sobre o genocídio e a sua presença em Yerevan foram recebidas de maneira tão negativa.
Porém, em geral opina-se que o pragmatismo nas relações russo-turcas irá vencer, e que a Turquia continuará a desenvolver projetos conjuntos com a Rússia, como, por exemplo, o acordo de livre comércio e o gasoduto Corrente Turca.
Em 24 de abril, a Armênia realizou uma série de eventos dedicados ao 100º aniversário do Genocídio Armênio no Império Otomano, no qual mais de 1,5 milhão de pessoas foram mortas. Os armênios reconhecem o dia 24 abril de 1915 como o início dos assassinatos em massa, os quais há muito tempo são considerados por eles como genocídio.
No entanto, os turcos se recusam a aceitar tal responsabilidade e insistem em afirmar que o número de mortos foi inflado e que os armênios foram mortos simplesmente durante os combates da Primeira Guerra Mundial.