Trata-se de um aplicativo para smartphone chamado Mobile Justice, elaborado pela União Americana para os Direitos Civis (ACLU, na sigla em inglês). Com o aplicativo, um usuário que esteja assistindo uma cena de espancamento, detenção ilegal, uso indevido de armas ou outros tipos de violência policial, pode gravar o ato e enviar para o escritório mais próximo da ACLU.
A prática de filmar atos de violência policial é conhecida já há bastante tempo. Mas várias vezes ocorre que o vídeo se perde após ameaças ou quebra do dispositivo pelo policial. Agora, guardado na "nuvem", o vídeo ficará disponível mesmo sem o dispositivo inicial.
O aplicativo tem diferentes versões para vários estados do país, como a Califórnia, o Mississippi, o Missouri, o Nebraska, o Oregon. Um aplicativo parecido, o Stop and Frisk, foi lançado pela ACLU no estado de Nova York.
Vídeos contra a violência
As tecnologias de informação têm ajudado muitas vezes a combater a violência policial. Por exemplo, em princípios de abril um vídeo gravado por uma equipe de televisão ajudou a identificar 11 policiais que espancaram um homem de 30 anos na Califórnia.
Outro vídeo, que mostrou com pormenores uma cena de assassinato a tiros de um jovem desarmado negro por um policial branco no estado de Nova York, terminou em um processo criminal contra o policial.
Na maioria dos casos, trata-se de assassinatos de pessoas desarmadas, que não ameaçam o agressor.
O ano do protesto
A violência policial nos EUA ocupou as manchetes do mundo desde meados de 2014, quando na cidade de Ferguson (estado de Missouri) começou uma manifestação que deu origem a um protesto de nível nacional. Os moradores de Ferguson protestavam contra o homicídio a tiro de um jovem negro, Michael Brown, que, desarmado, foi morto pelo policial branco Darren Wilson após uma tentativa de assalto.
Já em abril de 2015, a morte violenta de Freddie Gray em Baltimore (estado de Maryland), em resultado de uso excessivo de força física por parte da polícia, deu origem a uma nova onda de manifestações, que continuam até hoje.