Poroshenko chama Acordos de Minsk de ‘pseudotrégua’

© AP Photo / Efrem LukatskyPyotr Poroshenko, presidente da Ucrânia, ao lado de Humvees blindados americanos no aeroporto Boryspil, Kiev, Ucrânia
Pyotr Poroshenko, presidente da Ucrânia, ao lado de Humvees blindados americanos no aeroporto Boryspil, Kiev, Ucrânia - Sputnik Brasil
Nos siga no
O presidente ucraniano concedeu uma entrevista ao canal televisivo alemão ZDF na qual criticou os Acordos de Minsk e chamou-os de “pseudotranquilidade” que cobra um preço demasiado caro da Ucrânia.

Poroshenko acusou a Rússia de fornecer armas aos independentistas de Donetsk e Lugansk o que, segundo ele, contradiz os entendimentos e frisou o fato de a Ucrânia por sua parte cumprir os acordos de Minsk. Porém, segundo o Presidente da Ucrânia, o seu país irá “lutar até a última gota de sangue”.

Secretário de Estado dos EUA John Kerry - Sputnik Brasil
Visita de Kerry: tentativa dos EUA e da Rússia em normalizar relações
O discurso belicoso já provocou crítica por parte da República Popular de Donetsk (RPD). O representante oficial da autoproclamada república no grupo de contato de Minsk Denis Pushilin comentou as declarações de Poroshenko:

“É uma declaração inadmissível que de fato é um exemplo da retórica de guerra que não para e que infelizmente não é dirigida para a solução desta questão de maneira pacífica”.

Segundo Pushilin a RPD cumpre os acordos de Minsk. Ele sublinhou o fato de que Donetsk e Lugansk enviaram às autoridades ucranianas as suas propostas sobre as alterações da constituição da Ucrânia.

Twitter - Sputnik Brasil
Ocidente usa Twitter para tentar provar culpa de Putin no conflito na Ucrânia
Entretanto, os outros participantes do quarteto da Normandia, que inclui Rússia, Ucrânia, França e Alemanha não acham que os acordos de Minsk sejam uma “pseudotrégua”. Ao contrário, eles frisam a importância dos Acordos de Minsk para o estabelecimento de paz na Ucrânia.

Por exemplo, o chanceler russo Sergei Lavrov disse numa entrevista que os Acordos de Minsk são o único compromisso que pode realmente conservar a integridade territorial da Ucrânia que é desejada pela Rússia.

O presidente francês François Hollande por sua vez numa conversa com o seu homólogo russo Vladimir Putin no dia 24 de abril em Yerevan manifestou que a melhor maneira para a Ucrânia sair da crise será seguir a realização de Acordos de Minsk, informa o canal televisivo russo TVC.

A chanceler alemã Angela Merkel disse no dia 10 de maio durante a sua visita a Moscou para prestar homenagem aos soldados russos mortos na Segunda Guerra Mundial que os acordos de Minsk são base para o processo pacífico na Ucrânia.

Angela Merkel visitou Vladimir Putin e se reuniu com Vladimir Putin, no domingo 10 de maio. - Sputnik Brasil
Merkel e Putin discutem a crise ucraniana e as relações bilaterais entre Rússia e Alemanha
Entretanto até o secretário de Estado dos EUA John Kerry durante a conversa em Sochi com o presidente russo Vladimir Putin acompanhado pelo ministro do Exterior Sergei Lavrov também frisou a importância dos Acordos de Minsk:

"A posição dos EUA é a de que os Acordos de Minsk representam o melhor e o principal caminho para a paz. Eles devem ser implementados por completo o quanto antes", disse.

Porque a retórica do presidente ucraniano se distingue tanto das declarações divulgadas? O vice-diretor do Centro de Estudos sobre Ucrânia e Bielorrússia da Universidade Estatal de Moscou MGU (na sigla em russo) Bogdan Bezpalko destaca os problemas internos da Ucrânia que Poroshenko tenta esconder por meio da criação de uma “cortina de fumaça” e a posição dos EUA, e opina que não seja uma coincidência que mais uma vez as declarações de Poroshenko são contrárias às da União Europeia:

“Quando em maio de 2014 Poroshenko foi eleito, os ucranianos estavam à espera do futuro socialista e melhor pelas normas europeias – estabelecimento de um regime de circulação com isenção de vistos com a UE, de salários pelo menos ao nível da Polônia e ausência de corrupção. Nada disso foi realizado. Para pelo menos justificar o pleno fracasso na política interna e externa, o presidente ucraniano continuará apoiando o conflito militar. E a única potência que está interessada nisso são os EUA. Para eles, quanto maior for o incêndio no leste da Europa, tanto menos ativa seria a cooperação entre a Rússia e a União Europeia, e o euro é mais fraco quando o dólar é mais forte. Por isso a guerra no leste da Ucrânia corresponde aos interesses do maior aliado externo do regime de Poroshenko”.

Kiev está realizando, desde meados de abril, uma operação militar para esmagar os independentistas no leste da Ucrânia, que não reconhecem a legitimidade das novas autoridades ucranianas, chegadas ao poder em resultado do golpe de Estado ocorrido em fevereiro de 2014 em Kiev. Segundo os últimos dados da ONU, mais de seis mil civis já foram vítimas deste conflito.

Desde 9 de janeiro, a intensidade dos bombardeios na região aumentou, bem como o número de vítimas do conflito. Isto fez regressar ambas as partes às negociações. O novo acordo de paz, firmado em Minsk entre os líderes da Rússia, da Ucrânia, da França e da Alemanha inclui um cessar-fogo global no leste da Ucrânia, assim como uma reforma constitucional com a entrada em vigor até o final do ano de 2015 de uma nova Constituição, com a descentralização como elemento-chave (tendo em conta as particularidades das regiões de Donetsk e Lugansk, acordadas com os representantes destas áreas), e também a aceitação de uma legislação sobre o estatuto de Donetsk e Lugansk.

Feed de notícias
0
Para participar da discussão
inicie sessão ou cadastre-se
loader
Bate-papos
Заголовок открываемого материала