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Opinião: BRICS não dão vez aos EUA na América Latina

© Marcelo Camargo/ Agência BrasilBandeiras nacionais dos países membros do BRICS
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Os países do grupo BRICS, principalmente a China e a Rússia, estão pouco a pouco promovendo a reorganização do comércio e da infra-estrutura em toda a América Latina, acredita o observador e analista político Pepe Escobar.

Na sua opinião, os EUA observam esses processos não apenas com desconfiança, mas também com medo, já que a Doutrina Monroe, formulada pelos EUA ainda em 1823 como uma política para limitar a influência de potências europeias na América Latina, está separada por oceanos de distância da atual política de países da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL).

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Dentre os recentes eventos mais marcantes, Escobar destaca o pacote de acordos entre a Rússia e a Argentina, firmado durante a visita da Presidente Cristina Kirchner à Moscou, e o “boom” de acordos de investimento no valor de 53 bilhões de dólares, alcançado durante a visita do primeiro-ministro da China Li Keqiang ao Brasil.

Segundo Escobar, o capital chinês tem participação no financiamento de praticamente todos os principais projetos de infra-estrutura na América Latina. O mais marcante destes projetos é a construção de uma ferrovia de 3500 quilômetros de extensão, que atravessando a Floresta Amazônica e a Cordilheira dos Andes ligará o Rio de Janeiro, banhado pelo Oceano Atlântico, à costa do Peru, em pleno Oceano Pacífico. Na opinião do especialista, a ferrovia será lucrativa principalmente ao Brasil e seus produtores.

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Além disso, Escobar lembrou que uma empresa de Hong-Kong começou a construir na Nicarágua, no ano passado, um canal mais extenso, largo e profundo do que o canal do Panamá, projeto que deverá ser concluído até 2019.

O observador destaca, no entanto, que a ampla interação econômica entre o grupo BRICS e os países da América Latina se dá em meio a processos políticos bastantes complicados. Três grande países da região – Argentina, Brasil e Venezuela – foram sujeitos por diversas vezes a tentativas de desestabilização, cujos suspeitos são sempre os mesmos – “os saudosos dos antigos tempos de dependência de Washington”, escreve Escobar.

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Segundo ele, os governos desses países sofrem pressão de fora: a Venezuela enfrenta sanções norte-americanas, a presidente da Argentina sofre constantes ataques diplomáticos, as relações entre o Brasil e os EUA estão praticamente congeladas desde setembro de 2013.

E a ira de Washington recai igualmente sobre a Rússia e a China. Mas, segundo Escobar, ambos estes países conseguem manter a calma, mantendo o jogo sob controle.

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