Na sua opinião, os EUA observam esses processos não apenas com desconfiança, mas também com medo, já que a Doutrina Monroe, formulada pelos EUA ainda em 1823 como uma política para limitar a influência de potências europeias na América Latina, está separada por oceanos de distância da atual política de países da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL).
Segundo Escobar, o capital chinês tem participação no financiamento de praticamente todos os principais projetos de infra-estrutura na América Latina. O mais marcante destes projetos é a construção de uma ferrovia de 3500 quilômetros de extensão, que atravessando a Floresta Amazônica e a Cordilheira dos Andes ligará o Rio de Janeiro, banhado pelo Oceano Atlântico, à costa do Peru, em pleno Oceano Pacífico. Na opinião do especialista, a ferrovia será lucrativa principalmente ao Brasil e seus produtores.
O observador destaca, no entanto, que a ampla interação econômica entre o grupo BRICS e os países da América Latina se dá em meio a processos políticos bastantes complicados. Três grande países da região – Argentina, Brasil e Venezuela – foram sujeitos por diversas vezes a tentativas de desestabilização, cujos suspeitos são sempre os mesmos – “os saudosos dos antigos tempos de dependência de Washington”, escreve Escobar.
E a ira de Washington recai igualmente sobre a Rússia e a China. Mas, segundo Escobar, ambos estes países conseguem manter a calma, mantendo o jogo sob controle.