O especialista russo sublinha que Paris pretende pagar a Moscou um montante de dinheiro que é várias vezes menor do que estava previsto no contrato.
“Se a Rússia não quer fazer mais concessões ao povo irmão da Ucrânia, porque deve fazer isso à França? O sentimento de realidade começa a prevalecer sobre o da solidariedade histórica. Desde a época de Napoleão Bonaparte que a Rússia perdoa; se calhar é preciso reconsiderar a prática de favorecimento /de um país/ e aplicar a lei da vingança, que se provou muito eficaz na política, disse Baranets.
O fornecimento dos navios deveria trazer à França quase 1,25 milhões de euros e empregar vários milhares de pessoas no estaleiro de Saint-Nazaire.
“Assim, a possível rescisão do contrato será uma dupla traição: traição da confiança de outro país (lembre-se das reservas iniciais da Índia sobre a questão da compra de aeronaves Rafale, o caso ainda está longe de conclusão) e dos franceses que se dedicam à construção dos navios”, opina Baranets.
A Rússia e a França assinaram, em junho de 2011, um acordo de US$ 1,5 bilhão para a construção de dois navios tipo Mistral. A entrega da primeira embarcação estava prevista para novembro de 2014, mas nunca aconteceu. Paris adiou a entrega, alegando interferência de Moscou na crise ucraniana.
No início de maio, surgiram rumores de que a França estaria tentando vender os Mistral para a China, na altura em que dois navios de guerra franceses estavam em uma visita de sete dias a Xangai. A Rússia insiste que os porta-helicópteros não podem ser negociados sem a permissão de Moscou.