Duda explicou a sua decisão pela agenda sobrecarregada. Ele terá que se deslocar a Bruxelas para participar da reunião do Parlamento europeu, do qual faz parte.
A mídia e cientistas políticos começaram a avançar hipóteses sobre as verdadeiras razões do cancelamento do encontro e do seu papel nas relações entre a Polônia e a Ucrânia no futuro.
Entretanto, pode-se supor que Andrzej Duda irá tentar evitar os erros cometidos pelo antigo presidente polonês Bronislaw Komorowski durante a sua visita a Kiev. Lembramos que a lei que reconhece o Exército Insurgente Ucraniano (UPA, na sigla ucraniana) como combatentes pela independência foi aprovada pela Suprema Rada ucraniana logo após visita de Komorowski à Ucrânia e o apelo dele para uma reconciliação entre o povo ucraniano e o povo polonês que nos séculos anteriores tiveram uma complexa e difícil história comum.
Os historiadores poloneses recordam que entre 100 e 130 mil civis poloneses foram mortos na Ucrânia Ocidental (Volínia e Galícia Oriental) pelos combatentes do UPA.
A sociedade polonesa, especialmente a parte conservadora — que é a base eleitoral de Duda — ficou indignada com a decisão das autoridades ucranianas.
Rostislav Ischenko, presidente do Centro de Análise Sistemática da Ucrânia considera que a recusa do novo presidente polonês de encontrar-se com o seu homólogo ucraniano é um “mau sinal” para as autoridades ucranianas porque um cancelamento de um encontro previsto é uma “démarche diplomática”.
"O cancelamento do encontro significa pelo menos uma tentativa das novas autoridades polonesas de evitar conflitos dispensáveis. É claro que as relações entre a Polônia e a Rússia em geral permanecerão politicamente em conflito na mesma. Mas as novas autoridades polonesas, penso, querem desviar-se do tom de briga de rua indicado pela Ucrânia nas relações bilaterais e passar a relações frias mas pragmáticas", manifestou.
Segundo ele, Poroshenko neste encontro tentaria fomentar as tendências antirrussas na Europa. Porém, a Polônia neste momento não está interessada em aumento de confrontação com a Rússia porque tem de reestabelecer relações normais e pragmáticas com Moscou.
O presidente do Comitê da Duma de Estado para as Relações Exteriores, Aleksei Pushkov, opina por sua vez que o novo presidente polonês Andrzej Duda pode ser mais comedido nas relações com a Ucrânia porque percebe que Poroshenko não tem outro remédio senão tentar ter boas relações com a Polônia.
Дуда понимает: у Порошенко нет выбора, кроме как просить, набиваться в друзья Польше. И хочет показать ему его место. Как и место Украины.
— Алексей Пушков (@Alexey_Pushkov) 26 мая 2015
“Duda entende: Poroshenko não tem outro remédio senão pedir e fazer-se amigo da Polônia. E quer mostrar-lhe o seu lugar, assim como o lugar da Ucrânia”, escreveu Pushkov no seu Twitter.